terça-feira, maio 29, 2012

Nosso Lugar de Refúgio / Jonathan Edwards

Vivemos num mundo pervertido, onde enfrentamos constantemente um exército de tristezas e problemas. Grande parte de nossa vida é gasta em chorar os males presentes e passados ou em temer os que ainda estão no futuro.

Ora, existe um firme alicerce de paz e segurança para aqueles que experimentam tais aflições em favor de outros, ou que, pessoalmente, enfrentam tais perigos. Jesus Cristo é um refúgio em qualquer situação; há uma base para apoio racional e paz, na pessoa dEle, sem importar o que nos ameace. Aquele cujo coração está firmado e confiante em Cristo, não precisa temer más notícias. “Como em redor de Jerusalém estão os montes” (Sl 125.2), assim está Cristo em derredor daqueles que nEle confiam.

Vejamos como Jesus Cristo é um alicerce suficiente para a paz e a segurança.
Cristo comprometeu-se a amparar todos aqueles que O temem, contanto que O busquem. Essa é a obra na qual Ele se empenhou antes mesmo da fundação do mundo. É o que sempre ocupou seus pensamentos e intenções; desde a eternidade, encarregou-se de ser o refúgio dos temerosos.


Sua sabedoria é tal que jamais tomaria sobre Si um encargo para o qual não fosse idôneo. Aqueles que estão aflitos e na tormenta do medo, se vierem a Jesus Cristo, serão libertados de seus temores, pois Ele tem prometido protegê-los. Ele disse aos seus discípulos: “Não temais” (Mt 10.31).

Cristo, por sua livre vontade, se tornou a garantia daqueles que nEle confiam. Espontaneamente se colocou no lugar deles. Por sua própria iniciativa, encarregou-Se de ser o responsável por eles, como o bom pastor que dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11).

Se estão em Cristo Jesus, a tempestade dos problemas recai sobre Ele e não sobre aqueles; assim como quando estamos debaixo de um bom abrigo, a tempestade que deveria cair sobre nossas cabeças, cai sobre o abrigo.

Cristo foi escolhido e encarregado pelo Pai para essa obra de amparo das almas desamparadas. Jesus Cristo quis que a ira do Pai fosse descarregada contra sua própria cabeça, e não sobre nós, miseráveis pecadores.

Por muitas vezes, Cristo é chamado de eleito de Deus, ou seu escolhido, por haver sido selecionado pelo Pai para essa obra. Os nomes “Messias” e “Cristo” significam “ungi- do”, porquanto Deus O nomeou e capacitou para a tarefa de salvar o seu povo. Cristo disse: “A vontade daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho e crê nele tenha a vida eterna” (Jo 6.40 - ARC).

No tocante à salvação, se estamos em Cristo Jesus, a justiça e a lei passam de largo com respeito aos nossos pecados, sem nos atingir. A razão do medo e do desespero do pecador é a justiça e a lei de Deus. Cada letra e cada sinal da lei têm de ser cumpridos (Mt 5.18). É mais fácil que o céu e a terra sejam destruídos do que a justiça não venha a ser executada; não há possibilidade de que o pecado escape à justiça.

Mas, se a alma trêmula e desesperada, temerosa da justiça, correr para Cristo, encontrará nEle um esconderijo seguro. “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo” (Gl 3.24). Cristo sofreu o golpe da justiça, e a maldição da lei caiu toda sobre Ele; Cristo sofreu toda a vingança que se destinava ao pecado que cada um de nós cometeu. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl 3.13).

Portanto, se Cristo sofreu pelo crente, já não é necessário que este sofra; e por que teria o crente de temer? Se aqueles que temem se aproximarem de Cristo, nada mais terão a temer das ameaças da lei. Ela não lhes diz respeito.

O amor de Cristo, sua compaixão e misericordiosos cuidados são tais, que podemos ter a certeza de que Ele está pronto a receber todos quantos vêm a Ele. Ele é tão cheio de amor e bondade, que está disposto a nada menos que nos receber e defender, se formos a Ele. “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37). Cristo está mais do que pronto a compadecer-se de nós. Seus braços estão abertos para receber-nos. Deleita-Se quando almas desesperadas O procuram.

A excelência de Cristo é mais do que suficiente e satisfatória para a alma. A alma busca aquilo que lhe é superior. A alma carnal imagina que as coisas terrenas são excelentes. Alguns dão mais valor às riquezas, outros têm na mais alta estima as honras, e, para outros, os prazeres carnais parecem ser os mais revigorantes. Porém, a alma não pode achar contentamento em nenhuma dessas coisas, pois cedo descobre o fim daquilo que lhe dava algum consolo.

A verdadeira excelência acha-se em Jesus Cristo, e quando os homens chegam a conhecê-la, sua busca termina, e suas mentes encontram o descanso. Em Cristo, as suas mentes vêem uma glória transcendente e agradável. Percebem que até então estiveram perseguindo sombras, mas que, agora, encontraram a substância, a realidade. Antes, buscavam a felicidade num riacho, mas agora encontraram-na no oceano. É exata- mente como Cristo prometeu. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

A manifestação do amor de Cristo dá à alma satisfação abundante. Entre amigos terrenos têm havido exemplos de grande afeição. Mas nunca houve amor igual ao de Cristo para com os crentes.

Sendo Ele o caminho para o Pai, há nEle provisão para satisfazer e contentar a alma sedenta e ansiosa. Estamos naturalmente separados de Deus por causa de nossos pecados; e Deus está longe de nós — nosso Cria-dor não está em paz conosco. Em Cristo, porém, há um meio de livre comunicação entre Deus e nós, a fim de que possamos ir a Deus e de que Ele se comunique conosco pelo Espírito Santo.

Jesus deixou isso claro, ao dizer: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

Cristo infunde forças e um princípio vital e novo na alma cansada que apela para Ele. O pecador, antes de vir a Cristo, está tão enfermo quanto um homem enfraquecido e esgotado, cujo organismo tenha sido consumido por grave enfermidade. Está cheio de dores e tão fraco, que não pode andar nem ficar de pé. Por isso, Cristo é comparado a um médico. “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes” (Mt 9.12). Quando Ele vem e profere uma palavra, instila um princípio vital naquele que antes estava morto (Jo 11.25-26). Ele transmite o início da vida espiritual e o começo da vida eterna.

Cristo proporciona o seu Espírito, o qual acalma o coração e é como uma brisa refrescante. Ele outorga aquela força mediante a qual ampara as mãos prostradas e fortalece os joelhos débeis.

Cristo dá profundo consolo e gozo àqueles que vêm a Ele, e isso basta para que se esqueçam de toda a luta anterior. Um pouco da paz verdadeira, um pouco da alegria do evidente amor de Cristo, um pouco da esperança da vida eterna são todo-suficientes para compensar toda a luta e a fraqueza e para apagá-las de nossa memória. Essa paz, que resulta da verdadeira fé, ultrapassa o entendimento e é um gozo inefável (Fp 4.7).

Considere a Cristo como um remédio para as suas aflições. Você não precisa de asas de pomba para voar a um refúgio distante e descansar, pois Cristo está bem perto.

Não é mistério realizar prodígios para obter esse descanso. O caminho está desimpedido. Basta vir a Cristo; é suficiente sentar-se à sombra dEle, a “grande rocha em terra sedenta” (Is 32.2). Cristo não exige dinheiro em troca de sua paz. Mas chama-nos para O buscarmos livremente e sem preço. Ainda que pobres e sem dinheiro, podemos ir a Ele. Cristo não se dá por aluguel; Ele deseja tão-somente outorgar-lhe esse descanso. Como Mediador, sua obra consiste em dar descanso aos exaustos. E nisso Ele se deleita.

Há em Cristo descanso e doce refrigério para aqueles que estão cansados das perseguições. A maior parte do tempo, o povo de Deus tem sido perseguido neste mundo. Há intervalos ocasionais de paz e 
prosperidade, mas geralmente acontece ao contrário.

Satanás tem usado de grande malícia contra o povo de Deus, na medida em que esse povo procura seguir a Deus. Assim, por muitas vezes, o povo de Deus tem sido extremamente perseguido, e milhares têm sido condenados à morte. Satanás está sempre pronto, “como leão que ruge procurando alguém para devorar” (I Pe 5.8).

Cristo tem se dado a nós para ser tudo aquilo de que precisamos. Necessitamos de vestes, e Cristo não apenas nos dá vestes, mas também a Si mesmo, para ser a nossa vestimenta. “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes” (Gl 3.27).

Em Cristo há provisão para satisfação e pleno contentamento das almas sedentas e necessitadas. Cristo é “como ribeiros de águas em lugares secos” (Is 32.2 - ARC) ou em um deserto ressequido, onde há grande escassez de água e os viajantes morrem de sede.

Cristo é um rio de águas, pois há nEle uma plenitude tal, uma provisão tão abundante, que satisfaz a alma mais necessitada e ansiosa. Cristo é suficiente não só para uma alma sedenta, mas também é a fonte que nunca seca, sem importar quantos venham a Ele. Um homem sedento não esgota esse rio, ao saciar nEle continuamente a sua sede. “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).

Como somos felizes quando nossos corações ficam persuadidos a se achegarem a Jesus Cristo! Oh! Que sejamos persuadidos a nos ocultarmos nEle! Que maior segurança poderíamos desejar? Ele se comprometeu a defender-nos e salvar-nos.

Nada temos a fazer, além de descansar nEle calmamente. Aquiete-se e veja o que o Senhor Jesus fará por você. Se tiver de haver sofrimento, esse será da parte do Senhor Jesus, por você; nada terá de sofrer. Se alguma coisa tiver de ser feita, Cristo há de fazê-la. Você nada terá de fazer, além de permanecer quieto e olhar. “Mas os que esperam no SENHOR, renovam as suas forças” (Is 40.31).
Antunesebd.com | Editora Fiel | Original aqui

segunda-feira, maio 21, 2012

Características Distintivas do Aconselhamento Cristão / Wayne Mack

Há vários anos, um crente da Holanda entrevistou-me a respeito do meu ponto de vista sobre o aconselhamento cristão. Ele estava viajando pelos Estados Unidos, fazendo perguntas a vários crentes que eram conselheiros e professores de aconselhamento a respeito da opinião deles sobre o que constitui o aconselhamento cristão. Disse ao meu entrevistador que todo aconselhamento digno de ser chamado cristão possui quatro características distintivas.

1. Aconselhamento centralizado em Cristo

Primeiramente, o aconselhamento cristão está consciente e abrangentemente centralizado em Cristo. O aconselhamento cristão atribui muito valor ao que Cristo é; ao que Ele fez por nós em sua vida, sua morte, sua ressurreição e seu envio do Espírito Santo; ao que Ele está fazendo por nós agora em sua intercessão, à direita do Pai, e ao que ainda fará por nós, no futuro. No aconselhamento cristão, o Cristo da Bíblia não é um acessório, um acréscimo com o qual podemos viver melhor. Pelo contrário, Ele está no centro, nos arredores e em todos os aspectos do aconselhamento. O aconselhamento centralizado em Cristo envolve o entendimento da natureza e das causas de nossas dificuldades humanas, bem como o entendimento das maneiras em que somos diferentes de Cristo em nossos valores, aspirações, desejos, pensamentos, escolhas, atitudes e reações. Resolver dificuldades relacionadas ao pecado inclui sermos pessoas redimidas e justificadas por Cristo, recebermos o perdão de Deus por meio de Cristo e obtermos dEle o poder que nos capacita a substituir padrões de vida pecaminosos e anticristãos por um modo de viver piedoso e semelhante ao de Cristo.

2. Aconselhamento centralizado na salvação

Um conselheiro cristão é um crente que expressa sua fé, de modo consciente e abrangente, em sua perspectiva a respeito da vida. O aconselhamento verdadeiramente cristão é realizado por indivíduos que experimentaram a obra regeneradora do Espírito Santo, que vieram a Cristo, através do arrependimento e da fé, que O reconheceram como Senhor e Salvador de suas vidas e que desejam viver em obediência a Ele; são pessoas cujo principal objetivo da vida é exaltar a Cristo e glorificar o nome dEle. Os conselheiros verdadeiramente cristãos são pessoas que crêem no fato de que, se Deus não poupou seu próprio Filho (de ir à cruz e de morrer ali), mas O entregou (à cruz e à morte) por nós (em nosso favor e em nosso lugar, como nosso substituto), Ele nos dará graciosamente tudo que necessitamos para uma vida eficiente e produtiva (para nos transformar na própria imagem de seu Filho, na totalidade de nosso ser). O aconselhamento verdadeiramente cristão é realizado por aqueles cujas convicções teológicas influenciam, permeiam e controlam sua vida pessoal, bem como sua teoria e prática de aconselhamento.

3. Aconselhamento centralizado na Igreja

Outra característica distintiva do aconselhamento verdadeiramente cristão é que ele estará centralizado, de modo consciente e abrangente, na Igreja. As Escrituras deixam claro que a igreja local é o instrumento primário pelo qual Deus realiza sua obra no mundo. A igreja local é o instrumento designado por Ele para chamar o perdido a Si mesmo e o ambiente no qual Ele santifica e transforma seu povo na própria semelhança de Cristo. De acordo com as Escrituras, a Igreja é a casa de Deus, a coluna e o baluarte da verdade; é o instrumento que Ele utiliza para ajudar seu povo a despojar-se da velha maneira de viver (hábitos, estilo de vida, maneiras de pensar, sentimentos, escolhas e atitudes características da vida sem Cristo) e vestir-se do novo homem (uma nova maneira de viver com pensamentos, escolhas, sentimentos, atitudes, valores, reações, estilo de vida e hábitos semelhantes ao de Cristo (ver 1 Timóteo 3.15; Efésios 4.1-32).

4. Aconselhamento centralizado na Bíblia

Finalmente, o aconselhamento verdadeiramente cristão está fundamentado, de modo consciente e abrangente, na Bíblia, extraindo dela a sua compreensão a respeito de quem é o homem, da natureza de seus problemas, dos “porquês” destes problemas e de como resolvê-los. Em outras palavras, o conselheiro precisa estar comprometido, de modo consciente e envolvente, com a suficiência das Escrituras para resolver e compreender todas dificuldades não-físicas, relacionadas ao pecado, que afetam o próprio indivíduo e seu relacionamento com os outros. Muitos em nossos dias se declaram conselheiros cristãos, mas não afirmam a suficiência das Escrituras. Em vez disso, eles crêem que precisamos de discernimento proveniente de teorias psicológicas e extra bíblicas para compreendermos e ajudarmos as pessoas, especialmente se elas têm problemas sérios. Para tais conselheiros, a Bíblia possui autoridade apenas designadora (ou seja, como um instrumento que nomeia) e não funcional (atual, genuína e respeitada quanto à pratica) no aconselhamento. Estes conselheiros reconhecem que a Bíblia é a Palavra de Deus e, por isso, digna de respeito, mas, quando se refere a entender e resolver muitos dos problemas autênticos da vida, eles crêem que a Bíblia possui valor limitado. Onde quer e por quem quer que seja realizado esse tipo de aconselhamento, somos convencidos de que, embora o conselheiro seja um crente, seu aconselhamento é sub-cristão, porque não está fundamentado, de modo consciente e abrangente, na Bíblia. Estas quatro características distintivas do aconselhamento não constituem assuntos que podemos deixar de lado. Também não são “uma tempestade num copo d’água”. Pelo contrário, elas são o âmago de qualquer aconselhamento digno do nome “cristão”. Visto que entendemos estas características como o ensino da Palavra de Deus sobre o aconselhamento, elas determinam o modelo de nossos cursos de graduação e pós-graduação em aconselhamento.

Antunesebd.com | Editora Fiel | Original aqui

quinta-feira, maio 17, 2012

Corrupção nas igrejas - uma análise crítica



Entrevista com Dr. Paulo Romeiro sobre o sistema de arrecadação de algumas igrejas e o uso das ofertas dos fiéis.
Antunesebd.com | Academia em Debate 2012 | Original aqui

quinta-feira, maio 10, 2012

Preferindo a Continuidade à Prática — A Sabedoria do Casamento / Albert Mohler Jr

É corretamente compreendido que o casamento tem tudo a ver com continuidade. Num mundo de experiências, acontecimentos e compromissos transitórios, o casamento é intransigente. Ele simplesmente é o que é: um compromisso permanente feito por um homem e uma mulher que se comprometem a viver fielmente um para o outro até à separação decorrente da morte.

É isso que faz do casamento o que ele é. A lógica do casamento é fácil de compreender e difícil de subverter, razão pela qual a instituição tem sobrevivido por milênios. O casamento dura por causa de sua condição fundamental. Uma sociedade saudável e ativa literalmente não sobrevive sem ele.

Contudo, a modernidade pode ser vista como uma persistente tentativa de subverter o que é permanente — incluindo o casamento. A idade moderna trouxe o avanço da autonomia individual, o aumento populacional nas cidades, o enfraquecimento de compromissos familiares, o declínio da fé, a trivialidade do divórcio e uma multidão de outros progressos que subvertem o casamento e o compromisso que ele requer.

Adicionado a essa lista, existe o fenômeno da coabitação. O século vinte viu o fenômeno da coabitação tornar-se algo esperado entre muitos, se não entre a maioria, dos jovens adultos. O final do século, com o avanço da intimidade (incluindo a intimidade sexual), era propenso a seguir um curso que partia do “ficar” até a coabitação.

Um estudo novo conduzido pelo Centro Nacional de Estatísticas da Saúde sugere duas descobertas muito importantes: primeiro que, agora, coabitar é o padrão para jovens adultos. Segundo, que coabitar torna o divórcio mais provável após um eventual casamento.

“A coabitação torna-se cada vez mais a primeira união entre jovens adultos que moram juntos.” diz o estudo. Os fatos parecem atemorizantes. A porcentagem de mulheres na faixa de 30 anos que relataram ter coabitado passa de 60 por cento — o dobro em relação aos últimos quinze anos.

San Roberts documentou no The New York Times o aumento da coabitação entre os jovens. Ele mencionou Pamela J. Smock, da Universidade do Centro de Estudos da População de Michigan. “Da perspectiva de muitos jovens adultos, casar antes de viver junto com a outra pessoa parece tolice”, ela explica.

Isso retrata a nova lógica perfeitamente — que seria tolice casar sem coabitar primeiro. Como sabemos se fomos realmente feitos um para o outro? Como podemos avaliar a compatibilidade sem a experiência de viver juntos?

Essa lógica faz perfeito sentido numa sociedade crescentemente sexualizada, secularizada e “liberada” das expectativas do passado.

Reagindo às descobertas da pesquisa, a professora Kelly A. Musick, da Universidade Cornell afirmou: “As descrições sugerem para mim que a coabitação ainda é um caminho em direção ao casamento para muitos que concluem um curso universitário, enquanto que, em si, parece ser um fim para mulheres menos educadas.” O estudo confirmou a afirmação dela: “A coabitação torna-se cada vez mais a primeira união entre jovens adultos que moram juntos... Como resultado da crescente prevalência da coabitação, também tem aumentado o número de crianças cujos pais moram juntos, mas não são casados.”

Entretanto, conforme sugere esse novo estudo, a coabitação antes do casamento não leva a uma união mais forte e duradoura. Em vez disso, a experiência de coabitar enfraquece a união. Como Roberts relatou: “O estudo descobriu que a probabilidade de um casamento durar uma década ou mais é seis por cento menor se o casal viveu junto antes.”

Pamela Smock argumenta que as pessoas não darão ouvidos à pesquisa. “Só porque alguns estudos acadêmicos têm mostrado que viver juntos pode, de alguma forma, aumentar a chance de divórcio, os próprios jovens não acreditam nisso.”

Isso pode ser verdade, e certamente retrata o espírito da época. A experiência de coabitar simplesmente faz sentido para muitos jovens adultos. A lógica deles é que o casamento trata-se de algo que acontece depois que um relacionamento se torna íntimo sexualmente e é considerado satisfatório — não antes.

Eles não sabem que, na verdade, estão desfazendo o casamento. Falham em compreender a lógica central do casamento como uma instituição de continuidade. Falham em compreender a sabedoria essencial do casamento — que o compromisso deve vir antes da intimidade, que os votos devem vir antes do viver compartilhado, que a sabedoria do casamento está antes em sua continuidade e não em sua prática.

A coabitação enfraquece o casamento — porque um compromisso temporário e transitório sempre enfraquece um compromisso permanente. Depois que um casal vive junto, existindo a evidente possibilidade de separação, tal possibilidade sempre permanece, nunca cessa.

Essa pesquisa pode não alterar os planos de muitos jovens casais que provavelmente não a lerão, e que muito menos serão por ela advertidos. Entretanto, ela confirma o que torna o casamento o que ele é, e o que o enfraquece e destrói enquanto uma instituição.

É claro que partindo de uma perspectiva cristã, há mais a ser considerado. Somos lembrados do casamento como um dom e uma expectativa de Deus, e da bondade divina nessa instituição. Também somos lembrados que é nosso Criador que sabe da nossa necessidade de continuidade antes da prática, e não nós mesmos. Precisamos de casamento.

_________________________________________________________________
Traduzido por: Ana Paula Eusébio Pereira
Copyright© R. Albert Mohler Jr.
Traduzido do original em inglês: Permanance before experience – the wisdom of marriage. extraído do blog: www.albertmohler.com

O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
Antunesebd.com | Editora Fiel | Original aqui

quinta-feira, maio 03, 2012

Amor Eletivo / Robert Murray M'Cheyne

Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. João 15.16
Esta é uma afirmação sobremodo humilhante e, ao mesmo tempo, bastante abençoadora para o verdadeiro discípulo de Jesus. Foi muito humilhante para os discípulos ouvirem que não haviam escolhido a Cristo. As necessidades de vocês são tantas, e seus corações, tão endurecidos, que vocês não me escolheram. Mas, apesar disso, foi extremamente reconfortante para os discípulos saberem que Cristo os havia escolhido — “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros”. Isto lhes mostrou que Cristo os amou antes de eles O amarem — Ele os amou quando ainda estavam mortos em pecados. Em seguida, Jesus mostrou aos discípulos que seria o amor que os tornaria santos: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça”.
Consideremos as verdades deste versículo na ordem em que são expressas.

1.OS HOMENS NÃO ESCOLHEM NATURALMENTE A CRISTO — “Não fostes vós que me escolhestes a mim”. Isto era verdade a respeito dos apóstolos; também é verdade a respeito de todos os que crerão em Jesus, até o final do mundo. “Não fostes vós que me escolhestes a mim.” O ouvido natural é tão surdo, que não pode ouvir; os olhos naturais, tão cegos, que não podem ver a Cristo. Em certo sentido, é verdade que todo verdadeiro discípulo escolhe a Cristo; mas isto acontece somente quando Deus abre os olhos da pessoa, para que ela veja a Jesus; quando Deus outorga vigor ao braço ressequido, para que ele abrace a Cristo.
O significado das palavras de Jesus era: “Vocês nunca me teriam escolhido, se eu não os tivesse escolhido”. É verdade que, quando Deus abre o coração do pecador, este escolhe a Cristo e a ninguém mais, somente a Cristo. É verdade que um coração vivificado pelo Espírito sempre escolhe a Cristo, a ninguém mais, somente a Cristo, e por Ele renunciará o mundo inteiro.
Irmãos, este versículo nos ensina que todo pecador despertado se mostra disposto a seguir a Cristo, mas não antes de ser tornado disposto. Aqueles que dentre vocês foram despertados, não escolheram a Cristo. Se um médico viesse à sua casa e dissesse que viera para curá-lo de sua enfermidade, e se você sentisse que não estava doente, diria ao médico: “Não preciso de você; procure o vizinho”. Esta é a maneira como você age para com o Senhor Jesus: Ele lhe oferece a cura, mas você Lhe diz que não está enfermo; Ele se oferece para cobrir, com a obediência dEle mesmo, a nudez de sua alma, mas você responde: “Não preciso dessa roupa”.
Outra razão por que você não escolhe a Cristo é esta: você não vê qualquer beleza nEle. “E como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura” (Is 53.2). Você não vê qualquer beleza na pessoa de Cristo, nenhuma beleza na obediência dEle, nenhuma glória na sua cruz. Você não O vê e, por isso, não O escolhe.
Outra razão por que você não escolhe a Cristo é esta: não quer que Ele o torne santo. “Lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). Mas você ama o pecado, ama os seus prazeres. Por isso, quando o Filho de Deus se aproxima e lhe diz: “Eu o salvarei dos seus pecados”, você responde: “Amo o pecado, amo os meus prazeres”. Por conseguinte, você nunca pode chegar a um acordo com o Senhor Jesus. “Não fostes vós que me escolhestes a mim.” Embora eu tenha morrido em favor de vocês, não me escolheram. Tenho lhes falado por muitos anos, mas, apesar disso, vocês não me escolheram. Tenho lhes dado a Bíblia, para instruí-los, e ainda assim vocês não me escolheram. Irmão, esta acusação lhe sobrevirá no Dia do Juízo: “Eu o teria vestido com a minha obediência, mas você não o quis”.

2. CRISTO ESCOLHEU SEUS PRÓ-PRIOS DISCÍPULOS. “Eu vos escolhi a vós outros”. O Senhor Jesus contemplou os seus discípulos com um divino olhar de misericórdia, dizendo- lhes: “Eu vos escolhi a vós outros”. Todos aqueles que Jesus traz à glória, Ele os escolheu.
O tempo em que Ele escolheu os discípulos. Observamos que foi antes de eles crerem — “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros”. Isto equivale a: “Fui eu que comecei a lidar com vocês, não foram vocês que começaram a lidar comigo”. Você perceberá isto em Atos 18.9 e 10: “Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade”. Nesta ocasião, Paulo estava em Corinto, a cidade mais lasciva e ímpia do mundo antigo. Os coríntios se davam a banquetes e à detestável idolatria, mas Cristo disse ao apóstolo: “Tenho muito povo nesta cidade”. Eles não tinham escolhido a Cristo; Ele, porém, os escolheu. Aqueles coríntios não se haviam arrependido ainda, mas Cristo fixou seus olhos sobre eles. Isto mostra claramente que Cristo escolhe os seus discípulos antes que estes O busquem.
Além disso, Cristo os escolheu desde o princípio — “devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Ts 2.13); “assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor” (Ef 1.4). Portanto, irmãos, foi antes da fundação do mundo que Cristo escolheu os seus próprios discípulos, quando não havia sol, nem lua; quando não havia mar, nem terra — foi no princípio. Ele podia dizer com certeza: “Não fostes vós que me escolhestes a mim”. Antes que os homens amassem uns aos outros, ou que os anjos se amassem mutuamente, Cristo escolheu os seus próprios discípulos. Agora sei o que significam as palavras de Paulo, quando ele disse: “A fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento” (Ef 3.18-19).
Agora não fico surpreso com a morte de Cristo. Foi uma expressão de amor tão grande que transbordou os diques que o retinham, um amor que irrompeu no Calvário e no Getsêmani. Ó irmão, você conhece este amor?
Agora falemos sobre a razão deste amor. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15.16). Esta é uma pergunta natural: por que Ele me escolheu? Respondo que a razão por que Ele escolheu você foi o beneplácito da vontade dEle mesmo. Você pode ver isto ilustrado em Marcos 3.13: “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele”. Havia uma grande multidão ao redor de Jesus; Ele chamou alguns, mas não chamou a todos. A razão apresentada é esta: “Chamou os que ele mesmo quis”. Não há qualquer razão na criatura; a razão está nEle, que escolhe. Você verá isto em Malaquias 1.2 e 3: “Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó, porém aborreci a Esaú”. Eles não eram filhos da mesma mãe? Apesar disso, “amei a Jacó e aborreci a Esaú”. A única razão apresentada é esta: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Êx 33.19). Você também pode ver isto em Romanos 9.15 e 16. A única razão que a Bíblia nos oferece para explicar porque Cristo nos amou (e se você estudar até à sua morte, não encontrará outra) é esta: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia”. Isto é evidente de todos aqueles que Cristo escolhe.
A Bíblia nos fala sobre duas grandes apostasias: uma, no céu; outra, na terra. A primeira, no céu: Lúcifer, a estrela da manhã, pecou por orgulho, e Deus o lançou no inferno, bem como todos aqueles que acompanharam a Lúcifer em seu pecado. A segunda apostasia, na terra: Adão pecou e, por isso, foi expulso do Paraíso. Tanto Adão como Lúcifer mereciam a condenação. Deus tinha um propósito de amor. Em favor de quem existia este propósito? Talvez os anjos apelaram pelos outros anjos que eram seus companheiros. Mas Cristo os deixou de lado e morreu em favor do homem. Por que Ele morreu em favor do homem? A resposta é: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia”. Isto também é evidente nas pessoas que Cristo escolhe. Talvez você pense que Cristo deveria escolher os ricos, mas o que disse Tiago? “Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?” (2.5)
Você também pode imaginar que Cristo deveria escolher os nobres; eles não têm os preconceitos que os pobres têm. Mas, o que nos dizem as Escrituras? “Não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos” (1 Co 1.26). Ou talvez você pense que Cristo deveria escolher os eruditos. A Bíblia está escrita em linguagem difícil; suas doutrinas são árduas à compreensão; apesar disso, veja o que Cristo disse: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11.25).
Ainda, você pode imaginar que Cristo deveria escolher pessoas cheias de virtudes. Embora não haja nem um justo, existem algumas pessoas que são mais virtuosas do que outras. Todavia, Cristo disse que publicanos e meretrizes entram no reino de Deus, enquanto os fariseus são deixados do lado de fora. “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” (Rm 11.33) Por que o Senhor Jesus escolheu os mais ímpios? Eis a única razão que encontrei na Bíblia: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Rm 9.15).
Cristo escolhe alguns dos que O buscam e não outros. Houve um jovem rico que veio a Cristo e perguntou- Lhe: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Mc 10.17) Este jovem foi sincero, mas um obstáculo surgiu entre eles, e o jovem recuou. Uma mulher pecadora veio aos pés de Jesus, chorando. Ela também foi sincera, e Cristo lhe disse: “Perdoados são os teus pecados” (Lc 7.48). O que causou a diferença? “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia.” O Senhor Jesus “chamou os que ele mesmo quis”. Ó meu irmão, humilhe- se ante a soberania de Deus. Se Ele decidiu ter compaixão, Ele terá compaixão.

3. APRESENTO O TERCEIRO E ÚLTIMO PONTO: “Eu... vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15.16). Cristo escolhe não somente aqueles que serão salvos, mas também a maneira como isso acontecerá. Escolhe não somente o começo e o fim, mas também o meio. “Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Ts 2.13). “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor...” (Ef 1.4). E lemos em Romanos 8: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (v. 30). A salvação é como uma corrente de ouro que une o céu à terra. Dois elos estão nas mãos de Deus — a eleição e a salvação final. Mas alguns dos elos estão na terra — a conversão, a adoção, etc. Irmãos, Cristo nunca escolhe um homem para crer e ser imediatamente transportado à glória. Ah! meu irmão, como isto remove todas as objeções levantadas contra a santa doutrina da eleição! Alguns talvez digam: “Se sou eleito, serei salvo, viverei como quiser”. Não, se você vive em impiedade, você não será salvo. Outros talvez digam: “Se eu não sou um eleito, não serei salvo, viverei como eu quiser”. Se você é ou não eleito, eu não sei. Eu sei isto: se você crer em Cristo, será salvo.
Quero perguntar-lhe: você já creu em Jesus? Está portando a imagem de Cristo? Então, você é um eleito e será salvo. Todavia, existem muitos que ainda não creram em Cristo e não têm uma vida santa. Então, não importa o que vocês pensam agora, descobrirão ser verdade que estão entre aqueles que foram deixados de fora.
Oh! meu irmão, aqueles que negam a eleição negam que Deus pode ter misericórdia! Esta é uma doce verdade: Deus pode ter misericórdia. No seu coração endurecido não existe nada capaz de impedir que Deus tenha misericórdia de você. Tome posse desta verdade no coração: Deus pode ter misericórdia. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros.”
Antunesebd.com | thegospelcoalition | Original aqui