Há vários anos, um crente da Holanda entrevistou-me a
respeito do meu ponto de vista sobre o aconselhamento cristão. Ele estava
viajando pelos Estados Unidos, fazendo perguntas a vários crentes que eram
conselheiros e professores de aconselhamento a respeito da opinião deles sobre
o que constitui o aconselhamento cristão. Disse ao meu entrevistador que todo aconselhamento
digno de ser chamado cristão possui quatro características distintivas.
1.
Aconselhamento centralizado em Cristo
Primeiramente, o aconselhamento cristão está consciente
e abrangentemente centralizado em Cristo. O aconselhamento cristão atribui
muito valor ao que Cristo é; ao que Ele fez por nós em sua vida, sua morte, sua
ressurreição e seu envio do Espírito Santo; ao que Ele está fazendo por nós
agora em sua intercessão, à direita do Pai, e ao que ainda fará por nós, no
futuro. No aconselhamento cristão, o Cristo da Bíblia não é um acessório, um
acréscimo com o qual podemos viver melhor. Pelo contrário, Ele está no centro,
nos arredores e em todos os aspectos do aconselhamento. O aconselhamento
centralizado em Cristo envolve o entendimento da natureza e das causas de
nossas dificuldades humanas, bem como o entendimento das maneiras em que somos
diferentes de Cristo em nossos valores, aspirações, desejos, pensamentos,
escolhas, atitudes e reações. Resolver dificuldades relacionadas ao pecado inclui
sermos pessoas redimidas e justificadas por Cristo, recebermos o perdão de Deus
por meio de Cristo e obtermos dEle o poder que nos capacita a substituir
padrões de vida pecaminosos e anticristãos por um modo de viver piedoso e
semelhante ao de Cristo.
2.
Aconselhamento centralizado na salvação
Um conselheiro cristão é um crente que expressa sua fé,
de modo consciente e abrangente, em sua perspectiva a respeito da vida. O
aconselhamento verdadeiramente cristão é realizado por indivíduos que
experimentaram a obra regeneradora do Espírito Santo, que vieram a Cristo,
através do arrependimento e da fé, que O reconheceram como Senhor e Salvador de
suas vidas e que desejam viver em obediência a Ele; são pessoas cujo principal
objetivo da vida é exaltar a Cristo e glorificar o nome dEle. Os conselheiros verdadeiramente
cristãos são pessoas que crêem no fato de que, se Deus não poupou seu próprio
Filho (de ir à cruz e de morrer ali), mas O entregou (à cruz e à morte) por nós
(em nosso favor e em nosso lugar, como nosso substituto), Ele nos dará
graciosamente tudo que necessitamos para uma vida eficiente e produtiva (para
nos transformar na própria imagem de seu Filho, na totalidade de nosso ser). O
aconselhamento verdadeiramente cristão é realizado por aqueles cujas convicções
teológicas influenciam, permeiam e controlam sua vida pessoal, bem como sua
teoria e prática de aconselhamento.
3.
Aconselhamento centralizado na Igreja
Outra característica distintiva do aconselhamento
verdadeiramente cristão é que ele estará centralizado, de modo consciente e
abrangente, na Igreja. As Escrituras deixam claro que a igreja local é o
instrumento primário pelo qual Deus realiza sua obra no mundo. A igreja local é
o instrumento designado por Ele para chamar o perdido a Si mesmo e o ambiente
no qual Ele santifica e transforma seu povo na própria semelhança de Cristo. De
acordo com as Escrituras, a Igreja é a casa de Deus, a coluna e o baluarte da
verdade; é o instrumento que Ele utiliza para ajudar seu povo a despojar-se da
velha maneira de viver (hábitos, estilo de vida, maneiras de pensar,
sentimentos, escolhas e atitudes características da vida sem Cristo) e
vestir-se do novo homem (uma nova maneira de viver com pensamentos, escolhas,
sentimentos, atitudes, valores, reações, estilo de vida e hábitos semelhantes
ao de Cristo (ver 1 Timóteo 3.15; Efésios 4.1-32).
4.
Aconselhamento centralizado na Bíblia
Finalmente, o aconselhamento verdadeiramente cristão
está fundamentado, de modo consciente e abrangente, na Bíblia, extraindo dela a
sua compreensão a respeito de quem é o homem, da natureza de seus problemas,
dos “porquês” destes problemas e de como resolvê-los. Em outras palavras, o
conselheiro precisa estar comprometido, de modo consciente e envolvente, com a
suficiência das Escrituras para resolver e compreender todas dificuldades
não-físicas, relacionadas ao pecado, que afetam o próprio indivíduo e seu
relacionamento com os outros. Muitos em nossos dias se declaram conselheiros
cristãos, mas não afirmam a suficiência das Escrituras. Em vez disso, eles
crêem que precisamos de discernimento proveniente de teorias psicológicas e
extra bíblicas para compreendermos e ajudarmos as pessoas, especialmente se
elas têm problemas sérios. Para tais conselheiros, a Bíblia possui autoridade
apenas designadora (ou seja, como um instrumento que nomeia) e não funcional
(atual, genuína e respeitada quanto à pratica) no aconselhamento. Estes
conselheiros reconhecem que a Bíblia é a Palavra de Deus e, por isso, digna de
respeito, mas, quando se refere a entender e resolver muitos dos problemas
autênticos da vida, eles crêem que a Bíblia possui valor limitado. Onde quer e
por quem quer que seja realizado esse tipo de aconselhamento, somos convencidos
de que, embora o conselheiro seja um crente, seu aconselhamento é sub-cristão,
porque não está fundamentado, de modo consciente e abrangente, na Bíblia. Estas
quatro características distintivas do aconselhamento não constituem assuntos
que podemos deixar de lado. Também não são “uma tempestade num copo d’água”.
Pelo contrário, elas são o âmago de qualquer aconselhamento digno do nome
“cristão”. Visto que entendemos estas características como o ensino da Palavra
de Deus sobre o aconselhamento, elas determinam o modelo de nossos cursos de
graduação e pós-graduação em aconselhamento.
Antunesebd.com
| Editora Fiel | Original aqui
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