É corretamente compreendido que o
casamento tem tudo a ver com continuidade. Num mundo de experiências,
acontecimentos e compromissos transitórios, o casamento é intransigente. Ele
simplesmente é o que é: um compromisso permanente feito por um homem e uma mulher
que se comprometem a viver fielmente um para o outro até à separação decorrente
da morte.
É isso que faz do casamento o que ele
é. A lógica do casamento é fácil de compreender e difícil de subverter, razão
pela qual a instituição tem sobrevivido por milênios. O casamento dura por
causa de sua condição fundamental. Uma sociedade saudável e ativa literalmente
não sobrevive sem ele.
Contudo, a modernidade pode ser vista
como uma persistente tentativa de subverter o que é permanente — incluindo o
casamento. A idade moderna trouxe o avanço da autonomia individual, o aumento
populacional nas cidades, o enfraquecimento de compromissos familiares, o
declínio da fé, a trivialidade do divórcio e uma multidão de outros progressos
que subvertem o casamento e o compromisso que ele requer.
Adicionado a essa lista, existe o
fenômeno da coabitação. O século vinte viu o fenômeno da coabitação tornar-se
algo esperado entre muitos, se não entre a maioria, dos jovens adultos. O final
do século, com o avanço da intimidade (incluindo a intimidade sexual), era
propenso a seguir um curso que partia do “ficar” até a coabitação.
Um estudo novo conduzido pelo Centro
Nacional de Estatísticas da Saúde sugere duas descobertas muito importantes:
primeiro que, agora, coabitar é o padrão para jovens adultos. Segundo, que
coabitar torna o divórcio mais provável após um eventual casamento.
“A coabitação torna-se cada vez mais a
primeira união entre jovens adultos que moram juntos.” diz o estudo. Os fatos
parecem atemorizantes. A porcentagem de mulheres na faixa de 30 anos que
relataram ter coabitado passa de 60 por cento — o dobro em relação aos últimos
quinze anos.
San Roberts documentou no The
New York Times o aumento da coabitação entre os jovens. Ele mencionou
Pamela J. Smock, da Universidade do Centro de Estudos da População de Michigan.
“Da perspectiva de muitos jovens adultos, casar antes de viver junto com a
outra pessoa parece tolice”, ela explica.
Isso retrata a nova lógica
perfeitamente — que seria tolice casar sem coabitar primeiro. Como sabemos se
fomos realmente feitos um para o outro? Como podemos avaliar a compatibilidade
sem a experiência de viver juntos?
Essa lógica faz perfeito sentido numa
sociedade crescentemente sexualizada, secularizada e “liberada” das
expectativas do passado.
Reagindo às descobertas da pesquisa, a
professora Kelly A. Musick, da Universidade Cornell afirmou: “As descrições
sugerem para mim que a coabitação ainda é um caminho em direção ao casamento
para muitos que concluem um curso universitário, enquanto que, em si, parece
ser um fim para mulheres menos educadas.” O estudo confirmou a afirmação dela:
“A coabitação torna-se cada vez mais a primeira união entre jovens adultos que
moram juntos... Como resultado da crescente prevalência da coabitação, também
tem aumentado o número de crianças cujos pais moram juntos, mas não são
casados.”
Entretanto, conforme sugere esse novo
estudo, a coabitação antes do casamento não leva a uma união
mais forte e duradoura. Em vez disso, a experiência de coabitar enfraquece a
união. Como Roberts relatou: “O estudo descobriu que a probabilidade de um
casamento durar uma década ou mais é seis por cento menor se o casal viveu
junto antes.”
Pamela Smock argumenta que as pessoas
não darão ouvidos à pesquisa. “Só porque alguns estudos acadêmicos têm mostrado
que viver juntos pode, de alguma forma, aumentar a chance de divórcio, os
próprios jovens não acreditam nisso.”
Isso pode ser verdade, e certamente
retrata o espírito da época. A experiência de coabitar simplesmente faz sentido
para muitos jovens adultos. A lógica deles é que o casamento trata-se de algo
que acontece depois que um relacionamento se torna íntimo
sexualmente e é considerado satisfatório — não antes.
Eles não sabem que, na verdade, estão
desfazendo o casamento. Falham em compreender a lógica central do casamento
como uma instituição de continuidade. Falham em compreender a sabedoria
essencial do casamento — que o compromisso deve vir antes da intimidade, que os
votos devem vir antes do viver compartilhado, que a sabedoria do casamento está
antes em sua continuidade e não em sua prática.
A coabitação enfraquece o casamento —
porque um compromisso temporário e transitório sempre enfraquece um compromisso
permanente. Depois que um casal vive junto, existindo a evidente possibilidade
de separação, tal possibilidade sempre permanece, nunca cessa.
Essa pesquisa pode não alterar os
planos de muitos jovens casais que provavelmente não a lerão, e que muito menos
serão por ela advertidos. Entretanto, ela confirma o que torna o casamento o
que ele é, e o que o enfraquece e destrói enquanto uma instituição.
É claro que partindo de uma perspectiva cristã, há mais a ser
considerado. Somos lembrados do casamento como um dom e uma expectativa de
Deus, e da bondade divina nessa instituição. Também somos lembrados que é nosso
Criador que sabe da nossa necessidade de continuidade antes da prática, e não
nós mesmos. Precisamos de casamento.
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Traduzido
por: Ana Paula Eusébio Pereira
Copyright© R. Albert Mohler Jr.
Copyright© R. Albert Mohler Jr.
Traduzido
do original em inglês: Permanance before experience – the wisdom of marriage. extraído do
blog: www.albertmohler.com
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
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