domingo, março 27, 2011

O Avivamento que Precisamos - Spurgeon

Somos abençoados quando nos aproximamos de Deus através da oração. Sentimos tristeza ao perceber que muitas igrejas demonstram tão pouca importância à oração coletiva.


De que maneira receberemos alguma bênção, se nos mostramos negligentes em pedi-la? Podemos aguardar um Pentecostes, se jamais nos reunimos uns com os outros, a fim de esperar no Senhor? Irmãos, nossas igrejas nunca serão melhores, enquanto os crentes não estimarem intensamente a reunião de oração.

Mas, estando reunidos para oração, de que maneira devemos orar? Tenhamos cuidado para não cair no formalismo, pois estaremos mortos, imaginando que possuímos vida. Não duvidemos, motivados por incredulidade, ou estaremos orando em vão. Oh! que tenhamos fé imensa, para com ela apresentarmos a Deus grandes súplicas!

Temos misturado o louvor e a oração como um precioso composto de especiarias, adequado para ser oferecido sobre o altar de incenso por intermédio de Cristo, nosso Senhor. Não poderíamos agora apresentar-Lhe uma súplica especial, de maior alcance? Parece a mim que deveríamos orar em favor de um verdadeiro e puro avivamento em todo o mundo.

Um Avivamento Genuíno e Duradouro

Regozijo-me com quaisquer evidências de vida espiritual, ainda que sejam entusiásticas e temporárias, e não sou precipitado em condenar qualquer movimento bem-intencionado. Contudo, tenho bastante receio de que muitos dos chamados avivamentos, em última análise, causaram mais danos do que benefícios. Uma espécie de loteria religiosa tem fascinado muitos homens, trazendo-lhes repúdio pelo bom senso da verdadeira piedade.

Não desejo menosprezar o ouro genuíno, ao desmascarar as falsificações. Longe disso. Acima de tudo, desejamos que o Senhor envie-nos um verdadeiro e duradouro avivamento espiritual.

Precisamos de uma obra sobrenatural da parte do Espírito Santo, trazendo poder à pregação da Palavra, motivando com vigor celestial todos os crentes, afetando solenemente os corações dos indolentes, para que se convertam a Deus e vivam. Se este avivamento acontecesse, não seríamos embriagados pelo vinho do entusiasmo carnal, mas cheios do Espírito. Contemplaríamos o fogo dos céus manifestando-se em resposta às fervorosas orações de homens piedosos. Não podemos rogar que o Senhor, nosso Deus, revele seu poderoso braço aos olhos de todos os homens nestes dias de declínio e vaidade?

Antigas Doutrinas

Queremos um avivamento das antigas doutrinas. Não conhecemos uma doutrina bíblica que, no presente, não tenha sido cuidadosamente prejudicada por aqueles que deveriam defendê-la. Há muitas doutrinas preciosas às nossas almas que têm sido negadas por aqueles cujo ofício é proclamá-las. Para mim é evidente que necessitamos de um avivamento da antiga pregação do evangelho, tal como a de Whitefield e de Wesley.

As Escrituras têm de se tornar o infalível alicerce de todo o ensino da igreja; a queda, a redenção e a regeneração dos homens precisam ser apresentadas em termos inconfundíveis.

Devoção Pessoal

Necessitamos urgentemente de um avivamento da devoção pessoal. Este é, sem dúvida, o segredo do progresso da igreja. Se os crentes perdem a sua firmeza, a igreja é arremessada de um lado para o outro. Quando eles permanecem firmes na fé, a igreja continua fiel ao seu Senhor.

O futuro da igreja, nas mãos de Deus, depende de pessoas que na realidade são espirituais e piedosas. Oh! que o Senhor levante mais homens genuinamente piedosos, vivificados pelo Espírito Santo, consagrados ao Senhor e santificados pela verdade!

Irmãos, cada um de nós precisa viver, para que a igreja continue viva. Temos de viver para Deus, se desejamos ver a vontade do Senhor prosperar em nossas mãos. Homens consagrados tornam-se o sal da sociedade e os salvadores da raça humana.

Espiritualidade no Lar

Necessitamos profundamente do avivamento da espiritualidade no lar. A família cristã era o baluarte da piedade na época dos puritanos; mas, nesses dias maus, centenas de famílias chamadas cristãs não realizam adoração no lar, não estabelecem restrições, nem ministram qualquer disciplina e ensino aos seus filhos. Como podemos esperar que o reino de Deus prospere, quando os discípulos de Cristo não ensinam o evangelho a seus próprios filhos?

Ó homens e mulheres crentes, sejam cuidadosos naquilo que fazem, sabem e ensinam! Suas famílias devem ser treinadas no temor do Senhor, e sejam vocês mesmos “santos ao Senhor”. Deste modo, permanecerão firmes como uma rocha no meio das ondas de terror que surgirão e da impiedade que nos assedia.

Intenso e Consagrado Poder

Desejamos um avivamento de intenso e consagrado poder. Tenho suplicado por verdadeira piedade; agora imploro por um de seus mais nobres resultados. Precisamos de santos. Precisamos de mentes graciosas, experimentadas em uma elevada qualidade de vida espiritual resultante de freqüente comunhão com Deus, na quietude.

Os santos adquirem nobreza por meio de sua constante permanência no lugar onde se encontram com o Senhor. É aí que adquirem o poder na oração que tanto necessitamos. Oh! que o Senhor levante na igreja mais homens como John Knox, cujas orações causavam à rainha Maria mais terror do que 10.000 soldados! Oh! que tenhamos mais homens como Elias, que através de sua fé abriu e fechou as janelas dos céus!

Esse poder não surge por meio de um esforço repentino; resulta de uma vida devotada ao Deus de Israel. Se toda a nossa vida for pública, teremos uma existência insignificante, transitória e ineficaz. Entretanto, se mantivermos intensa comunhão com Deus, em secreto, seremos poderosos em fazer o bem. Aquele que é um príncipe com Deus ocupará uma posição nobre entre os homens, de acordo com a verdadeira avaliação de nobreza.

Estejamos atentos para não sermos pessoas dependentes de outras; nos esforcemos para descansar em nossa verdadeira confiança no Senhor Jesus. Que nenhum de nós caia numa situação de infeliz e medíocre dependência dos homens! Desejamos ter entre nós crentes firmes e resistentes, assim como as grandes mansões que permanecem, de geração em geração, como pontos de referência de nosso país; não almejamos crentes semelhantes a casas de saibro, e sim a edifícios bem construídos, capazes de suportar todas as intempéries e desafiar o próprio tempo.

Se na igreja tivermos um exército de homens inabaláveis, firmes, constantes e sempre abundantes na obra do Senhor, a glória da graça de Deus será claramente manifestada, não somente neles mesmos, mas também naqueles que vivem ao seu redor. Que o Senhor nos envie um avivamento de poder consagrado e celestial!

Pregue por intermédio de suas mãos, se você não pode pregar por meio de seus lábios. Quando os membros de nossas igrejas demonstrarem o fruto de verdadeira piedade, imediatamente encontraremos pessoas perguntando qual a árvore que produz esse fruto.

A oração coletiva dos crentes é a primeira parte de um Pentecostes; a conversão dos pecadores, a outra. Começa somente com “uma reunião de oração”, mas termina com um grande batismo de milhares de convertidos. Oh! que as orações dos crentes se tornem como ímãs para os pecadores! E que o reunir-se de homens piedosos seja uma isca para atrair os homens a Cristo! Venham muitas pessoas a Jesus, porque vêem outros correrem em direção a Ele.

“Senhor, afastamos nosso olhar desses pobres e tolos procrastinadores e buscamos a Ti, rogando-Te que os abençoes com o teu onisciente e gracioso Espírito. Senhor, converte-os, e eles serão convertidos! Através de sua conversão, rogamos que um avivamento comece hoje mesmo. Que este avivamento se espalhe por todas as nossas casas e, depois, pela igreja, até que todos os crentes sejam inflamados pelo fogo que desce dos céus!”

C.H. Spurgeon (1834-1892) era pregador, autor e editor britânico. Foi pastor do Tabernáculo Batista Metropolitano, em Londres, desde 1861 até a data de sua morte. Fundou um seminário, um orfanato e editou uma revista mensal chamada “Sword na Trowel”. Conhecido como “Príncipe dos Pregadores”, Spurgeon escreveu muitos livros e artigos, particularmente na área devocional. Deixou um legado de vida piedosa, marcada por um profundo amor ao Senhor Jesus Cristo e por dedicados esforços ara alcançar almas perdidas







sábado, março 05, 2011

Como Preparar sua Igreja para o Próximo Pastor

Matt Schmucker é diretor executivo do Ministério 9 Marcas e, presbítero na Igreja Batista de Captol Hill, no distrito de Washington.
Embora seja fácil desenvolver uma visão restrita no cumprimento das pressões diárias do ministério, os pastores devem sempre estar pensando nos dias futuros. Mas, até quão longe você deve pensar? Até ao tempo em que você tiver deixado a igreja, ou estiver morto, e, por conseqüência, a igreja tiver outro pastor.
A maneira como você pastoreia a sua igreja agora terá um impacto sério em determinar se a igreja continuará prosperando sob a direção de um novo pastor ou se ela murchará depois que você sair. Com isso em mente, aqui estão sete coisas que um pastor pode fazer para preparar bem sua igreja para o próximo pastor.

COMO PREPARAR SUA IGREJA PARA O PRÓXIMO PASTOR

1. Pregue a Palavra
Primeiramente, pregue a Palavra. “É claro!”, você diz. Mas o que pretendo dizer com isso é que você deve assegurar-se de que está criando em seu rebanho um amor pela Palavra de Deus. Você quer que sua igreja seja tão faminta das Escrituras, que não importa se é você ou se é outro homem que está pregando. Eles querem a Palavra! Seja um canal de pregação expositiva fiel e, assim, você preparará o caminho para o próximo pastor.

2. Deixe que outros preguem
Em segundo, deixe que outros preguem. Por fazer isso, você ensinará sutilmente à igreja que é a água (viva) que importa e não o vaso pelo qual ela flui.

3. Permita que outros liderem
Em terceiro, permita que outros liderem. Interrompa a dependência de você por demonstrar sua confiança em outros líderes da igreja. Deixe-os exercer liderança na oração, na leitura da Bíblia, nas reuniões e outras coisas mais. Se até agora você tem sido o homem que faz tudo, precisará de algum tempo para que esses outros líderes se acostumem com a nova situação. Portanto, seja perseverante com eles e veja como a igreja e os outros líderes crescem.

4. Reconheça o bom trabalho de outros
Em quarto, reconheça publicamente o bom trabalho de outros. Você já esteve numa igreja em que somente as realizações e o bom trabalho do pastor são reconhecidos? Isso exalta fortemente a posição do pastor e desenvolve um tipo de “super-sacerdócio” entre os membros da igreja. Em vez disso, reconheça freqüentemente, em público e em particular, o bom trabalho espiritual dos outros. Fazendo isso, você preparará melhor a sua igreja para a sua ausência.

5. Edifique as práticas da igreja em torno de princípios bíblicos e não de suas preferências pessoais
Em quinto, edifique as práticas da igreja em torno de princípios bíblicos e não de suas preferências pessoais. Quantas vezes já ouvi a declaração: “Nunca fazemos isso dessa maneira porque o pastor sempre quis...” Edificar as práticas de sua igreja em preferências pessoas, e não nos princípios bíblicos, edifica a igreja ao redor de você e não de Deus. Se você edifica sua igreja nos princípios bíblicos, o próximo pastor pode vir e ministrar tranqüilamente.

6. Arrume a sua bagunça (e a de seu antecessor)
Em sexto, arrume a sua bagunça (e a de seu antecessor). Eis algumas áreas cruciais:

a. Membresia: arrume o rol de membros de modo que o número de pessoas ali registrados seja quase equivalente ao daqueles que freqüentam regularmente a igreja. O rol de membros deve representar ovelhas. Remova os lobos, tanto quanto você puder, e exclua os que não freqüentam a igreja. Ajude o próximo pastor a ter um bom começo por saber exatamente que ovelhas ele é chamado a pastorear.

b. Liderança da igreja: empenhe-se por estabelecer líderes qualificados e remover os desqualificados. Sei de muitos casos de igrejas em que o último pastor nunca fez o trabalho árduo de remover um líder corrupto. De fato, às vezes o pastor saiu porque não queria mais lidar com o líder corrupto. Isso não é uma maneira de ajudar o próximo pastor!

c. Equipe de servidores: o mesmo que disse no ponto “b”. Não deixe um péssimo empregado a serviço do próximo pastor. Enfrente e resolva esse problema por amor à sua igreja e por amor ao próximo pastor. E, ao fazer isso, edifique o reino.

d. Dívidas: ninguém sente o peso de dívidas como um novo pastor. Com certeza, ele aprecia o novo prédio que o pastor anterior construiu, mas ele é paralisado pelas dívidas. Elas consomem grande parte do orçamento da igreja e obstruem iniciativas necessárias que visam à edificação de uma igreja saudável. Faça tudo que você puder para pagar todas as dívidas e não deixar débitos.

7. Tenha presbíteros
Em sétimo, tenha presbíteros. Isso talvez seja a coisa mais importante que você precisa fazer. Uma pluralidade de presbíteros ajudará na transição, para que o conhecimento do estado espiritual da igreja não desapareça com a mudança de pastor.

UMA VEZ QUE VOCÊ DECIDIU SAIR, CONSIDERE...
O que você deve fazer se já decidiu ir para outra igreja? Uma vez que você decidiu sair, considere o seguinte:

1. Prenda a sua língua, teologicamente falando. Não vacine a sua congregação contra uma doutrina ou uma prática bíblica que eles ainda não adotaram, por criticá-los severamente com essa doutrina ou prática, em sua saída. Se você fizer isso, estará imunizando-os contra a recepção desse bom ensino no futuro.

2. Limite seu conhecimento. Não continue a receber ou a acumular conhecimento de sua congregação quando você já sabe que está saindo. Isso tem de ser feito pelo próximo pastor ou por um presbítero que ficará na igreja. Sim, cumpra a vocação pastoral, mas leve outro líder com você, para que o cuidado continue depois que você deixar a igreja.

3. Controle a sua língua no que diz respeito a “ovelhas problemáticas”. Não estrague o começo do mistério do novo pastor por apresentar-lhe um quadro exageradamente desagradável de membros de sua igreja. Em outras palavras, não crie preconceitos no pastor contra quaisquer ovelhas do rebanho. Dê-lhes uma oportunidade de mudar, crescer e reconstruir a confiança pastoral.

4. Advirta o novo pastor. Havendo dito essas coisas no ponto 3, você deve advertir o novo pastor quanto aos lobos inflexíveis.

5. Saia. Com sabedoria, torne a transição algo breve. Tome bastante tempo para preparar a igreja a fim de que a transição seja tranqüila, mas não crie um engarrafamento para o novo pastor.

6. Esteja disponível ao novo pastor depois que você sair.

EXISTE SOMENTE UM SUPREMO PASTOR
Em tudo isso, seu alvo deve ser o de guiar a sua igreja de um modo que demonstre que há somente um Supremo Pastor: Jesus (1 Pedro 5.4). Portanto, prepare sua igreja para o próximo pastor e peça a Deus que faça a sua igreja continuar proclamando o evangelho fielmente por muito tempo depois de sua saída.


 Traduzido por: Wellington Ferreira

Copyright©9Marks
©Editora FIEL 2011.

Traduzido do original em inglês: Prepare the Churchfor the Next Guy. Com a permissão do ministério 9Marks.

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