
A resposta desta pergunta é “sim” e “não”. Sim, o calvinismo
aniquila o evangelismo antibíblico centralizado no homem e alguns dos métodos
antibíblicos e carnais empregados nesse tipo de evangelismo. Não, o calvinismo
não destrói o evangelismo centralizado em Deus, no qual os métodos bíblicos são
utilizados na grande obra de cumprir o mais evidente mandamento de nosso
Senhor. Antes de falar sobre evangelismo e calvinismo, talvez seja prudente
fazer alguns comentários gerais a respeito de conceitos errados sobre o
calvinismo. Existem fanáticos a favor do calvinismo, assim como existem
fanáticos contrários a ele. Este assunto nos apresenta indagações cruciais,
importantes e imprescindíveis em nossos dias. Temos ouvido perguntas sinceras,
especialmente da parte de seminaristas e pastores recém-ordenados. Não há
dúvida de que os fundadores e o corpo docente do primeiro seminário Batista do
Sul, bem como a maioria dos primeiros pastores batistas, eram calvinistas, por
comprometimento e experiência.
Os calvinistas não
seguem João Calvino
Os princípios elementares dos dois grandes sistemas de
teologia se encontram ou no calvinismo ou no arminianismo. Entretanto, estes
sistemas teológicos existem desde muitos séculos antes de João Calvino haver
nascido. Naquela época, eles eram chamados agostinianismo e pelagianismo, de
acordo com os nomes dos homens que os definiam, no século V. Com justiça, o
calvinismo poderia ser chamado de agostinianismo, e não significaria que
estamos seguindo Agostinho em direção à Igreja Católica Romana; pelo contrário,
significa que somos seguidores dos princípios de teologia que Agostinho
ensinou. De fato, John A. Broadus, um grande batista do Sul, do século XX,
estava certo quando declarou que este sistema de teologia retrocede ao apóstolo
Paulo. Por isso, Broadus chamou o calvinismo de “aquele sublime sistema da
verdade paulina”. Calvino pode ter sido o homem que elaborou, pela primeira
vez, aqueles princípios doutrinários em um sistema formal. Mas, como já
dissemos, os princípios doutrinários não se originaram com João Calvino ou com
Agostinho, e sim com o apóstolo Paulo. Por conseguinte, os calvinistas não seguem
a João Calvino; pelo contrário, nos apegamos aos princípios doutrinários que
ele formulou em um sistema de doutrina cristã. (Isto também é verdade a
respeito do Credo dos Apóstolos. Esse credo não foi escrito pelos apóstolos. As
verdades bíblicas do credo foram sistematizadas muitos anos depois que os
apóstolos haviam partido para receber sua recompensa.) Conseqüentemente,
cometemos um grave erro quando afirmamos ou deixamos implícito que somos
seguidores de João Calvino. Não batizamos infantes, nem concordamos com a
queima de hereges. Podemos dizer, com certeza, que, assim como o pelagianismo é
o progenitor do arminianismo, assim também o paulinismo e o augustinianismo são
os pais do calvinismo.
O fundamento
doutrinário do calvinismo não é a predestinação
Além disso, o princípio doutrinário sobre o qual todo o
calvinismo se alicerça não é a predestinação. Não. O ensino primário do
calvinismo se fundamenta em um alicerce mais amplo, o ensino que podemos dizer
(e não estamos exagerando em dizê-lo) refere-se à própria natureza e caráter de
Deus. O único fundamento sobre o qual o calvinismo está edificado é a absoluta
e ilimitada soberania de Deus. Na realidade, o calvinismo afirma e enfatiza a
doutrina da soberania de Deus, sendo esta doutrina a fonte de onde fluem todos
os outros princípios do ensino calvinista. É importante entendermos que o
calvinismo não está centralizado, primariamente, em sua doutrina de
predestinação, considerada de maneira isolada. A predestinação é simplesmente o
resultado ou a aplicação da soberania de Deus em referência à salvação. O
calvinismo afirma que a soberania de Deus é suprema na salvação, assim como em
todas as outras coisas.
Nossa herança
calvinista
Ao considerarmos o nosso passado, em busca de nossa origem,
não podemos esquecer alguns dos pais e líderes de nossa grande Convenção
Batista do Sul que eram calvinistas firmes e comprometidos. Por exemplo,
considerem Basil Manly. Um historiador disse que Manly desempenhou a função de
regente ao orquestrar os acontecimentos que resultaram na fundação de uma
convenção batista conservadora. Manly elaborou uma resolução de seis pontos que
levou à separação entre os batistas do Norte e os do Sul. Esta resolução foi
“aprovada de pé e com unanimidade”. Basil Manly era um calvinista de primeira
ordem. Em um sermão intitulado “Eficácia Divina em Coerência com a Atividade
Humana”, Manly disse a um grupo de pastores: Não abandonemos a doutrina da
atividade e da responsabilidade do homem ou a doutrina da soberania e da
eficácia de Deus. Por que elas deveriam ser consideradas incoerentes? Ou por
que deveriam aqueles que se apegam a uma se mostrar dispostos a duvidar,
desacreditar ou rejeitar a outra? Manly continuou: A grande razão.... por que a
família cristã está dividida em dois lados, cada qual rejeitando uma ou outra
destas grandes doutrinas, é que a doutrina da de- pendência do Ser Divino nos
lança constantemente nas mãos e na misericórdia de Deus. O homem orgulhoso não
gosta disso; ele prefere olhar para o outro lado do assunto; torna-se cego, em
parte, por contemplar apenas um lado da verdade, e se esquece do Criador, em
Quem ele vive, se move e tem sua existência. Considere James P. Boyce, o
principal fundador do primeiro seminário — (Seminário Teológico Batista do Sul
— EUA). Muito depois da morte de Boyce, um de seus ex-alunos, Dr. David Ramsey,
apresentou uma mensagem, no Dia dos Fundadores, em 11 de janeiro de 1924,
intitulada “James Petigru Boyce, o Excelente Homem de Deus”. Poucas linhas
desta mensagem do Dr. Ramsey nos mostrarão que Boyce era um calvinista
comprometido e que, ao mesmo tempo, amava a alma dos homens. Meu argumento é
que nenhuma outra teologia, além da teologia caracterizada por um amor
avassalador e consumidor para com os homens, explica James P. Boyce e seu
ministério. Este amor apaixonado foi o elemento que direcionou seu modo de
pensar naquelas primeiras conferências e na elaboração dos documentos que
levaram ao estabelecimento do seminário. O propósito de ajudar seus colegas
permeava todos os seus planos, sua conversa, seus escritos, sua pregação, seu
ensino, assim como o filete escarlate permeia todas as cordas dos navios da
marinha inglesa. Este zelo pelas almas exigiu o melhor do ser de Boyce, assim
como o sol da manhã leva as flores e plantas carregadas de orvalho a se
curvarem ao deus do dia. O amor de Boyce por seus colegas era tal que, depois
de sua morte, o rabino Moses, de Louisville, disse a respeito dele: Antes de
vir para Louisville, eu conhecia o cristianismo somente em livros. Foi por meio
de homens como Boyce que aprendi a conhecer o cristianismo como uma força viva.
Nesse homem, aprendi não somente a compreender, mas também a respeitar e a
reverenciar o poder chamado cristianismo. Boyce não somente amava os homens,
ele amava a Deus. Ramsey disse sobre este assunto: Nosso pensamento deve
envolver tanto o amor subjetivo como o objetivo: o amor do homem para com Deus
e o amor de Deus para com o homem. O amigo íntimo de Boyce e co-fundador do
seminário, John A. Broadus, expressou seus próprios sentimentos a respeito da
teologia de Boyce, a qual chamamos calvinismo: ‘Foi um grande privilégio ser
dirigido e instruído por um professor como Boyce, em estudar aquele sistema de
verdade paulina que é tecnicamente chamada de calvinismo, que impulsiona um
estudante sincero a pensar de maneira profunda; e, quando persuadido por meio
de uma combinação de pensamento sistemático e experiência fervorosa, tal
estudante é levado a sentir-se em casa entre os mais inspiradores e
enobrecedores pontos de vistas sobre Deus e o universo que Ele criou. O legado
que Boyce nos outorgou é a teologia bíblica expressa na obra Abstract of
Systematic Theology (Sumário de Teologia Sistemática), que não é nada mais do
que o assunto de suas aulas — o puro calvinismo. Em defesa do calvinismo de
Boyce, William A. Mueller, autor de A History of Southern Baptist Theological Seminary
(Uma História do Seminário Batista do Sul), disse: Como teólogo, o Dr. Boyce
não tem medo de andar nos antigos caminhos. Ele é conservador e eminentemente
bíblico. Dr. Boyce trata com grande imparcialidade aqueles cujos pontos de
vista ele se recusa a aceitar, após discussão; mas, em seu ensino ele é
resolutamente calvinista, seguindo o modelo dos antigos teólogos. Dr. Boyce
procura esclarecer as dificuldades relacionadas a doutrinas tais como: Adão — o
cabeça da raça humana, a eleição e a expiação; ele faz isso não para silenciar
aqueles que apreciam a controvérsia, e sim para ajudar o investigador sincero. O
Rev. E. E. Folk, no jornal Baptist Reflector (Refletor Batista) comentou sobre
as habilidades de Boyce e seus frutos como professor de teologia: Você tinha de
conhecer bem a sua própria teologia, pois, do contrário, não poderia
descrevê-la perante o Dr. Boyce. E, embora os jovens alunos fossem, em sua
maioria, arminianos, quando chegavam no seminário, poucos continuavam seguindo
esta teologia, pois, estando sob o ministério do Dr. Boyce, muitos dos jovens
alunos se convertiam às vigorosas opiniões calvinistas dele. Boyce e Manly eram
calvinistas convictos. E não eram os únicos. A teologia deles não era algo
incomum nos primeiros dias do Southern Baptist Theological Seminary (Seminário
Batista do Sul). W. B. Johnson, o primeiro presidente da Convenção Batista do
Sul (EUA), era calvinista, assim como o eram R. B. C. Howell e Richard Fuller,
segundo e terceiro presidentes da Convenção. B. H. Carroll, fundador do
Seminário Batista do Sudoeste, em Fort Worth, Texas, também era calvinista.
Patrick Hues Mell, presidente da Convenção Batista do Sul por 17 anos, foi um
polêmico defensor do calvinismo, mais do que qualquer outra pessoa. A Sra. D.
B. Fitzgerald, hóspede por vários anos na casa de Patrick H. Mell e membro da
Igreja Anthioc (em Oglethorpe, Geórgia), da qual ele era o pastor, recorda os
esforços iniciais de Mell na igreja: Quando o Dr. Mell foi chamado para assumir
o pastorado da igreja, esta se encontrava em triste estado de confusão. Ele
disse que certos membros estavam se encaminhando ao arminianismo. O Dr. Mell
amava demais a verdade, para respirar duas teologias distintas ao mesmo tempo.
A igreja era batista e tinha de confessar doutrinas peculiares àquelas que a
denominação lhe ensinava. Por isso, com aquela ousadia, clareza e vigor de
linguagem que lhe eram característicos, o Dr. Mell pregava aos membros da
igreja as doutrinas da predestinação, eleição, graça soberana, etc. Ele disse que
seu dever era pregar a verdade sempre, conforme a encontrava na Palavra de
Deus, e parar nesse ponto, sentindo que Deus cuidaria dos resultados (The Life
of Patrick Hues Mell, p. 59). Eu poderia continuar citando nomes e trechos de
biografias de fundadores de nossa denominação que eram calvinistas
comprometidos, bem como firmes na evangelização. Citarei apenas mais um nome: o
Dr. J.A.Broadus, um grande pregador e um dos fundadores de nosso seminário. Ele
disse: Aqueles que escarnecem do que chamamos calvinismo poderiam também
escarnecer do Mont Blanc. Não estamos obrigados a defender todas as opiniões e
atitudes de Calvino; todavia, não posso entender como alguém que compreende o
grego do apóstolo Paulo ou o latim de Calvino ou de Turretin pode deixar de ver
que estes apenas interpretaram e formularam, de modo concreto, aquilo que os
apóstolos ensinaram.
Desejo resumir
mencionando cinco coisas que não identificam o calvinismo:
1. O calvinismo não é antimis-sionário; pelo contrário,
fornece o alicerce bíblico para missões (Jo 6.37; 17.20-21; 2 Tm 2.10; Is
55.10; 2 Pe 3.9,15).
2. O calvinismo não elimina a responsabilidade do homem. Os
homens são responsáveis pela luz que têm, quer seja a consciência (Rm 2.15),
quer seja a natureza (Rm 1.19-20), quer seja a Lei escrita (Rm 2.17-27), quer
seja o evangelho (Mc 16.15-16). A incapacidade do homem para fazer o que é reto
não o isenta de responsabilidade, assim como a incapacidade de Satanás para
fazer o que é reto também não o deixa livre de responsabilidade.
3. O calvinismo não torna Deus injusto. Conceder a bênção da
salvação para inúmeros pecadores indignos não é uma injustiça da parte dEle
para com o demais pecadores indignos. Se um governador perdoa um criminoso
culpado, está cometendo injustiça para com os demais? (1 Ts 5.9.)
4. O calvinismo não desanima os pecadores convictos; em vez
disso, lhes dá bons motivos para virem a Cristo. “Aquele que tem sede venha”
(Ap 22.17). O Deus que convence é o Deus que salva. O Deus que salva é o mesmo
que escolheu homens para a salvação e que os convida a desfrutar da salvação.
5. O calvinismo não desencoraja a prática da oração. Pelo
contrário, o calvinismo nos motiva a buscar a Deus, visto que Ele é o único que
nos pode salvar. A verdadeira oração é um impulso do Espírito Santo e, por esta
razão, estará em harmonia com a vontade de Deus (Rm 8.16). O calvinismo tem
caracterizado os batistas autênticos, em sua história. De modo contrário ao
movimento liberal, ao movimento carismático, bem como ao dispen-sacionalismo e
ao movimento de Keswick, o calvinismo é o único sobre o qual podemos afirmar
que é endêmico à história, ao ensino e à herança dos batistas. Até ao presente
século, com seu pragmatismo, os batistas do Sul e seus antecessores sempre
foram calvinistas. O ressurgimento do calvinismo em nossos dias é apenas um
esforço para restaurar nossa antiga teologia, que produzirá um resultado
profundo em nosso evangelismo.
Que relação existe
entre o calvinismo e o evangelismo?
Primeiramente, devemos saber o que é o evangelismo. O
evangelismo é a comunicação da mensagem divina e inspirada que chamamos
evangelho. É uma mensagem que pode ser definida em palavras, mas tem de ser
comunicada com autoridade e poder. “Porque o nosso evangelho não chegou até vós
tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena
convicção” (1 Ts 1.5). O evangelho informa como Deus, nosso Criador e Juiz,
tornou seu Filho um Salvador de pecadores, perfeito e disposto. O convite do
evangelho declara que Deus convida os homens a virem ao Salvador, com fé e
arrependimento, e encontrarem perdão, vida e paz. E este é mandamento de Deus:
que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e amemos uns aos outros,
conforme Ele nos ordenou (1 Jo 3.23). Jesus disse: “A obra de Deus é esta: que
creiais naquele que por ele foi enviado” (Jo 6.29).
Eis uma definição de
evangelizar:
“Apresentar o Filho de Deus aos homens pecadores, a fim de
que ponham sua confiança em Deus, por intermédio de Cristo, e O recebam como
seu Senhor e Salvador, para servi-Lo como seu Rei, na comunhão de sua igreja”.
Você deve observar que esta definição inclui a Igreja.
O evangelismo precisa
ter um alicerce doutrinário
O alicerce doutrinário do evangelismo bíblico é tão
importante à evangelização como o esqueleto o é para o corpo humano. A doutrina
proporciona unidade e firmeza. O alicerce doutrinário produz o vigor espiritual
que torna o evangelismo capaz de suportar as tempestades de oposição,
sofrimento e perseguição que, com freqüência, acompanham o verdadeiro
evangelismo e missões. Por conseguinte, a igreja que negligencia o verdadeiro
alicerce do evangelismo bíblico logo descobrirá que seus esforços perderam o
vigor e surgirão conversões falsas. A falta de um alicerce doutrinário
prejudicará a unidade da igreja e abrirá as portas ao erro e à instabilidade em
todos os esforços evangelísticos. Faltam-nos palavras para exaltarmos a
importância de um alicerce bíblico e ortodoxo no evangelismo autêntico,
centralizado em Deus. A doutrina molda o nosso destino. No presente, estamos
colhendo os frutos de um evangelismo que não se fundamenta nas Escrituras. O
grande apóstolo Paulo, instruindo um jovem pastor a realizar a obra de um
evangelista, disse-lhe que a doutrina (o ensino) é o propósito primordial das
Escrituras — “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino” (2 Tm
3.16). O evangelismo sem um alicerce doutrinário é uma casa edificada sobre a
areia (Mt 7.24-26). É semelhante a galhos sem raízes, cortados e lançados no
chão; eles murcharão e morrerão. O calvinismo possui alicerces doutrinários
para o evangelismo. O alicerce doutrinário do evangelismo centralizado em Deus
assegura o seu sucesso. Primeiramente, porque Deus, o Pai, tem algumas pessoas
que são eleitas:
a. João 13.18 — “Eu conheço aqueles que escolhi”;
b. João 15.16 — “Não fostes vós que me escolhestes a mim;
pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros”;
c. Efésios 1.4 — “Assim como nos escolheu, nele”;
d. 2 Tessalonicenses 2.13 — “Deus vos escolheu desde o
princípio para a salvação”.
e. João 6.37,39,44,64,65 — “Todo aquele que o Pai me dá,
esse virá a mim.... E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca
de todos os que me deu.... Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não
o trouxer”.
Isto me parece uma
garantia de sucesso!
A segunda garantia de sucesso encontra-se no fato de que
Deus, o Pai, deu ao seu Filho, o grande Pastor, algumas ovelhas; e o grande
Pastor fez expiação em favor das ovelhas que o Pai Lhe deu. A expiação sobre a qual falamos foi planejada — a cruz não foi um acidente.
Deus a planejou. Ele não estava dormindo, nem foi apanhado de surpresa pelos
eventos que culminaram na cruz. Deus tinha um plano imutável, inalterável, que
estava sendo realizado. O apóstolo Pedro declarou em sua primeira mensagem:
“Sendo este [Jesus] entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus,
vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.23). Os apóstolos não somente proclamaram
esta verdade, mas também oraram a respeito dela. Escute a oração deles: “Porque
verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao
qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para
fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram; agora, Senhor,
olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a
intrepidez a tua palavra” (At 4.27-29). Na cruz, Deus estava sendo o mestre de
cerimônias. Jesus também ensinou que
Deus, o Pai, tinha um plano imutável, inalterável, e poder para executá-lo. “Porque eu desci do céu, não para
fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a
vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu;
pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.38-39). “Eu sou o bom
pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). “Eu sou o bom pastor;
conheço as minhas ovelhas” (Jo 10.14). Jesus
deixou claro o motivo por que alguns não crêem nEle. Você já se perguntou por
que algumas pessoas não crêem? Jesus responde esta pergunta: “Vós não credes,
porque não sois das minhas ovelhas” (Jo 10.26). Ele descreveu duas características de suas ovelhas: “As minhas
ovelhas ouvem a minha voz [disposição de conhecer a vontade dEle]; eu as
conheço, e elas me seguem [disposição de fazer a vontade dEle]” (Jo 10.27). A verdade de que a expiação se
realizou especificamente em favor das ovelhas está em João 17. Veja estas
palavras da oração de Jesus: “Assim
como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a
vida eterna a todos os que lhe deste”; “É por eles que eu rogo; não rogo pelo
mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”; “Pai, a minha vontade é
que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a
minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo”
(Jo 17.2, 9,24). Este ponto de vista
sobre o alcance da expiação torna a cruz um lugar de vitória, pois aquilo que o
Pai planejou, o Filho adquiriu e orou em seu favor. Isso está em harmonia com a
grande declaração contida na profecia messiânica referente a vinda de Jesus:
“Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu
Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as
iniqüidades deles levará sobre si” (Is 53.11). Jesus ensinou esta mesma verdade em João 6.37: “Todo aquele que o
Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”.
Jesus não disse que eles talvez virão; que seria ótimo se viessem; que, se
decidirem, eles virão; pelo contrário, Jesus declarou: Eles virão. Este é um
elemento importante na mensagem da cruz, a mensagem de nosso evangelismo.
Significa que a morte de Cristo não foi em vão. Pelo contrário, esta verdade
nos diz que todos aqueles em favor dos quais Cristo morreu, para salvá-los,
esses virão a Ele. É interessante observar que, ao anunciar a José o nascimento
de Jesus, o anjo foi diretamente neste ponto: “Ela dará à luz um filho e lhe
porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt
1.21). Observe que o anjo afirmou:
“Salvará o seu povo”. Ele não disse: “Cada pessoa”, e sim: “O seu povo” — as
ovelhas. Deus usou o fato de que
tinha algumas pessoas, algumas ovelhas, para estimular a evangelização da ímpia
cidade de Corinto. O grande apóstolo estava com receio de ir a Corinto, e Deus
o encorajou, dizendo: “Não temas; pelo contrário, fala e não te cales;
porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito
povo nesta cidade” (At 18.9,10).
1. A vinda de Cristo ocorreu em favor de seu povo — “Ela
dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo
dos pecados deles” (Mt 1.21).
2. Seu pagamento na cruz se deu em favor das ovelhas — seu
povo: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.... Eu sou o
bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o
Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo
10.11,14,15).
3. Jesus orou em favor de todos aqueles que o Pai Lhe deu:
“Assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele
conceda a vida eterna a todos os que lhe deste”; “É por eles que eu rogo; não
rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (Jo 17.2,9). Esta
é a mensagem da cruz que você tem ouvido? É a mensagem de um Cristo cuja morte
não foi em vão e que cumprirá tudo que foi planejado? Ou você ouviu uma
mensagem de um Jesus insignificante, impotente, patético e, às vezes,
efeminado, que tornou a salvação possível e está assentado, passivamente,
esperando, para ver o que os pecadores farão com Ele? Isto não é apenas uma
ênfase diferente. É uma mensagem evangelística de conteúdo diferente. O
evangelho bíblico está centralizado em Deus, honra a Deus e abençoa os
pecadores. O evangelismo centralizado em Deus possui um alicerce doutrinário
que lhe garante eficácia. Se o seu conceito a respeito do calvinismo destrói o
evangelismo, ofereço-lhe a sugestão de que examine seu entendimento e estude os
seguintes livros: Evangelismo e Soberania de Deus, escrito por J. I. Packer
(Editora PES, São Paulo - SP); O Evangelho de Hoje — Autêntico ou Sintético
(Editora Fiel, São José dos Campos - SP), escrito por Walter Chantry.
1-Por que Não Evangelizamos?
2-O que É o Evangelho?
3- Que Deve Evangelizar?
4-Como Devemos Evangelizar?
5-O que Não É Evangelização?
6-Depois de Evangelizar, o que Devemos Fazer?
7-Por que Devemos Evangelizar?
Conclusão: Fechando a Venda.