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quinta-feira, dezembro 22, 2011
sábado, dezembro 17, 2011
quarta-feira, dezembro 14, 2011
sexta-feira, dezembro 09, 2011
Sola Scriptura: por João Calvino
O Verdadeiro
Conhecimento de Deus está na Bíblia.
Portanto, se bem que o fulgor que se projeta aos olhos de
todos, no céu e na terra, retire totalmente toda base para a ingratidão dos
homens - e ainda que Deus, para envolver o gênero humano na mesma culpa, mostra
a todos esboçada nas criaturas, sua Divina Majestade -, é necessário, contudo,
além disso, acrescentar outro recurso melhor, que nos dirija retamente ao
próprio Criador do universo. Por isso, não foi em vão que Deus acrescentou a
luz de Sua Palavra para fazer-Se conhecido para a salvação do homem. E
considerou dignos deste privilégio a todos aqueles aos quais quis trazer, para
perto de Si, mais aproximada e intimamente.
Ora, porque Deus via a mente de todos ser arrastada, de um
lado para outro, por constante e imutável agitação - depois de escolher os judeus para
Si, como povo especial -, cercou-os por todos os lados, para que não se
extraviassem com os demais povos. E não é em vão que ele nos mantém, por meio
do mesmo remédio, no puro conhecimento de Si próprio, porque, de outra forma,
se desfariam bem rapidamente até mesmo os que parecem mais firmes do que os
outros. É exatamente como acontece com pessoas idosas ou enfermas dos olhos, e
a todos quantos sofre de visão embaraçada: se pusermos diante delas até mesmo
um volume vistoso, ainda que reconheçam estar ali algo escrito, mal poderão,
contudo, ajuntar duas palavras.
Ajudadas, porém, com o auxílio de óculos, essas pessoas
começarão a ler de maneira eficiente. Assim a Escritura, reunindo na nossa
mente, o conhecimento de Deus - que, de outro modo, seria confuso fazendo
desaparecer a escuridão -, mostra-nos, com clareza transparente, o Deus
Verdadeiro.
Constitui, pois uma dádiva singular o fato de Deus - para
instruir a igreja -, servir-Se não apenas de mestres mudos, mas, ainda, abrir
sua boca sacrossanta para não simplesmente proclamar que se deve adorar a Deus,
mas também, ao mesmo tempo, declarar que Ele é esse Deus a quem devemos adorar.
E não ensina Ele meramente aos eleitos que devem obedecer a Deus, mas mostra-Se
como Aquele a Quem eles devem obedecer. Este modo de agir Deus tem mantido para
com sua igreja, desde o princípio, de modo que, afora essas evidências comuns,
Ele aplicasse também a palavra que é a marca direta e segura para reconhecê-LO.
Nem é para se duvidar de que Adão, Noé, Abraão e os demais
patriarcas - em função deste recurso - tenham conseguido mais íntimo
conhecimento de Deus, fato que, de certo modo, os distingue dos incrédulos. Não
estou falando ainda da doutrina da fé, pela qual eles haviam sido iluminados
para a esperança da vida eterna. Ora, para que pudessem eles passar, da morte
para a vida, foi necessário que eles conhecessem a Deus não apenas como
Criador, mas também como Redentor, pois eles chegaram a conhecer a Deus desses
dois modos, seguramente, através da Palavra.
Ora, pela ordem, veio primeiro aquela modalidade de
conhecimento mediante o qual lhes foi dado compreender quem é Deus, por meio de
Quem o mundo foi criado e é governado. Em seguida, acrescentou-se, depois, a
outra modalidade de conhecimento, interior, porque só esse conhecimento
vivifica as almas mortas e só por ele se conhece a Deus não apenas como Criador
do universo, Autor e Árbitro único de todas as coisas que existem, mas também
na Pessoa do Mediador, como Redentor. Contudo, porque não tratei ainda da queda
do mundo e da corrupção da natureza, não apresento ainda, aqui, o remédio.
Devem lembrar-se, portanto, os leitores de que não farei
ainda considerações a respeito do pacto, mediante o qual Deus adotou, para Si,
os filhos de Abraão, mas tratarei ainda daquela parte da doutrina pela qual os
fiéis sempre foram apropriadamente separados das pessoas profanas, por aquela
doutrina se fundamenta em Cristo (e, por isso, deve ser abordada na seção
Cristológica); Agora, entretanto, só focalizarei como se deve aprender, da
Escritura, que Deus como Criador, se distingue - por meio de marcas seguras -
de toda a inventada multidão de deuses. Oportunamente depois, a própria
seqüência dos fatos conduzirá ao estudo da redenção. Embora devamos derivar
muitos testemunhos do Novo Testamento, e outros testemunhos da lei e dos
profetas - onde se faz clara referência a Cristo -, sabemos que todos estes
testemunhos visam mostrar que Deus, o Artífice do universo, se torna patente na
Escritura e nela também se ensina o que devemos pensar a
respeito de Deus, para que não busquemos, por caminhos tortuosos, alguma
divindade incerta.
A Bíblia é a Palavra
de Deus Escrita
Quer Deus Se tenha feito conhecido, aos patriarcas, através
de visões ou oráculos, quer tenha dado a conhecer - mediante a obra e
ministério de homens -, aquilo que, depois, transmitiria a pósteros pelas
próprias mãos, está fora de dúvida que Deus gravou, no coração deles, a firme
certeza da doutrina, de modo que fossem convencidos de que procedia de Deus o
que haviam aprendido. Por isso Deus, pela Sua Palavra, tornou a fé segura para sempre,
fazendo-a superior a toda mera opinião. Finalmente para que em perpétua
continuidade de doutrina, a verdade permanecesse no mundo, sobrevivendo a todos
os séculos, quis Deus que esses mesmos oráculos - que deixou em depósito com os
Patriarcas -, fossem registrados como em públicos instrumentos. Com este
propósito foi promulgada a Lei, à qual se acrescentaram, depois, como
intérpretes, os Profetas.
Ora, se bem que foi múltiplo o uso da lei - como se verá no
lugar mais adequado -, na verdade, foi dada especialmente a Moisés e a todos os
profetas (a responsabilidade de) ensinar o modo de reconciliação entre Deus e
os homens, fato que levou Paulo a dizer que Cristo é o fim da Lei (Rm.10:4).
Contudo, torno a afirmar que, além da apropriada doutrina da fé e do
arrependimento - que apresenta Cristo como Mediador -, a Escritura adorna, com
sinais e marcas inconfundíveis, o Deus Único e Verdadeiro como Criador e
Governador do mundo, para que Ele não seja confundido com a espúria multidão de
deuses.
Portanto, por mais que ao homem sério convenha levar em
conta as obras de Deus - um vez que foi ele colocado no belíssimo teatro do
mundo para ser espectador da obra divina -, contudo, para ele poder
aproveitá-la melhor, precisa dar ouvido à Palavra. Por isso, não é de admirar
que os que nasceram nas trevas endureçam, mais e mais, a sua sensibilidade,
visto que muito poucos se submetem docilmente à Palavra de Deus, de maneira a
respeitar os seus limites; ao contrário, antes se gloriam em sua presunção.
Mas, para que a verdadeira religião resplandeça em nós, é
preciso que ela seja o ponto de partida da doutrina celeste, pois não pode
provar se quer o mais leve gosto da reta e sã doutrina, senão aquele que se
tornar discípulo da Escritura. Pois o princípio do verdadeiro entendimento vem
do fato de abraçar-nos, reverentemente, o Deus testifica de Si mesmo na
Escritura. Da obediência à Palavra de Deus nascem não somente a fé consumada e
completa, em todos os seus aspectos, mas também todo reto conhecimento de Deus.
E neste aspecto, fora de toda dúvida, Deus, com singular providência, levou em
conta os mortais em todos os tempos.
A Bíblia é o Único
Escudo que Nos Protege do Erro
De fato, se refletirmos quão acentuado é a tendência da
mente humana para esquecer a Deus, quão grande é a inclinação dos homens para
com toda espécie de erro e quão pronunciado é o gosto deles para forjar, a cada
instante, novas fantasiosas religiões, poderemos perceber como foi necessário a
autenticação escrita da doutrina celeste, para que ela não desaparecesse pelo
esquecimento, nem se desfizesse pelo erro, nem fosse corrompida pela petulância
dos homens.
Deste modo, como está sobejamente demonstrado, Deus
providenciou o auxilio de Sua Palavra para todos aqueles aquém quis instruir de
maneira eficaz, pois sabia ser insuficiente a impressão de Sua Imagem na
estrutura do universo. Portanto, se desejamos, com seriedade, contemplar a Deus
de forma genuína, precisamos trilhar a reta vereda indicada na Sua Palavra.
Importa irmos à Palavra na qual, de modo vivo e real, Deus
Se apresenta a nós em função de Suas obras, ao mesmo tempo em que essas mesmas
obras são apreciadas, não sendo o nosso julgamento corrompido, mas de acordo
com a norma da verdade eterna. Se nos desviarmos da Palavra, como ainda há
pouco frisei, mesmo que nos esforcemos com grande empenho - pelo fato de a
corrida ser fora da pista - jamais conseguiremos atingir a meta. Devemos pensar
que o esplendor da face divina, que até mesmo o Apóstolo Paulo reconhece ser
inacessível (I Tm.6:16), é para nós um labirinto emaranhado, no qual só podemos
entrar se, através dele, formos guiados pelo fio da Palavra. Por isso, é
preferível andar mancando, ao longo deste caminho a correr velozmente fora
dele!
É por isso que, não poucas vezes, nos Salmos 93, 96, 97 e
outros, ensinando que devemos tirar do mundo as superstições, para que floresça
a religião pura, Davi representa a Deus como Aquele que reina, dando a
entender, pelo termo reinar, não o poder de que Deus está investido e que
exerce no governo universal da natureza, mas significando a doutrina pela qual
reivindica, para Si, a legítima soberania, visto que jamais se pode arrancar os
erros do coração humano, enquanto nele não se implantar o verdadeiro
conhecimento de Deus.
A Revelação da Bíblia
é Superior a Revelação da Criação
Por isso, onde o mesmo profeta afirma que os céus proclamam
a glória de Deus, que o firmamento anuncia as obras das Suas mãos e que a
regular seqüência dos dias e das noites apregoa a Sua majestade (Sl19:1-2), em
seguida faz menção de Sua Palavra: "A Lei do Senhor" diz ele, "é
perfeita e restaura as almas; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos
simples; os mandamentos do Senhor são retos e alegram o coração; o preceito do
Senhor é puro e ilumina os olhos" (Sl19:7-8). Ora, ainda que faça
referência a outros usos da Lei, assinala ele, contudo, de modo geral, que Deus
ainda que em vão convide a Si todos os povos, pela contemplação de Suas obras,
oferece a Escritura como a única escola de Seus filhos.
Idêntica é a maneira como o Profeta fala no Sl.29, porque,
depois de discursar a respeito da terrível voz de Deus - que sacode a terra com
trovões, ventanias, chuvas, furacões e tempestades, fazendo tremer as montanhas
e despedaçando os cedros - acrescenta, ao final, que no santuário de Deus se
cantam louvores, visto que os incrédulos são surdos a todas as vozes de Deus,
que ressoam nos ares! Da mesma maneira conclui ele outro Salmo, onde descreve
as espantosas ondas do mar: "Confirmados foram os Teus testemunhos; a
santidade é, para sempre, a formosura do Teu templo"(Sl.93:5). Daí vem
também o que Cristo disse à mulher samaritana (Jo.4:22): que a gente dela e os
outros povos adoravam o que desconheciam; que só os judeus prestavam culto ao
Deus verdadeiro!
Ora, já que a mente humana, por causa da sua estupidez, não
pode chegar até Deus, a menos que seja guiada e sustentada por Sua Sagrada
Palavra, com exceção dos judeus (que eram guiados pela Palavra) todos os
mortais - pelo fato de buscarem a Deus sem a Palavra -, tiveram de vagar na
estultice e no erro!
sábado, dezembro 03, 2011
Justificação pela fé, ato exclusivo de Deus
A justificação pela fé foi um dos pilares da Reforma do
século dezesseis. O conceito de que a salvação é uma somatória do esforço
humano e da disposição divina, uma parceria entre a fé e as obras está em total
desacordo com o ensino das Escrituras. A salvação é pela graça mediante a fé e
não o resultado das obras nem mesmo da adição de fé mais obras. A salvação não
é uma conquista do homem, é um presente de Deus. Não é uma medalha de honra ao
mérito, mas uma manifestação do favor imerecido de Deus.
O sinergismo, a ideia de que a salvação é uma conjugação de
fé mais obras, não tem amparo nas Escrituras. A verdade meridianamente clara é
que a salvação é recebida mediante a fé independentemente das obras. As obras
não são a causa da salvação, mas seu resultado. Não somos salvos pelas obras,
mas para as obras. A fé é a raiz, as obras são os frutos. A fé produz obras; as
obras revelam a fé. Não estamos com isso desprezando as obras nem diminuindo
seu valor. As obras são absolutamente importantes. Elas são a evidência da
salvação. Não praticamos boas obras para sermos salvos, mas porque fomos salvos
pela fé.
A fé, porém, não é a causa meritória da justificação. Não
somos justificados com base naquilo que fazemos para Deus, mas no que Deus fez
por nós. Não há mérito na fé. A fé é dom de Deus. Não fomos escolhidos por Deus
porque cremos; cremos porque fomos escolhidos por Deus. A fé é resultado da
escolha divina e não sua causa. Se a fé fosse a causa da escolha divina, ela seria
meritória. Então, a causa da eleição para a salvação estaria em nós e não em
Deus. A verdade inconteste, entretanto, é que Deus nos escolheu para a salvação
em Cristo não por causa de qualquer mérito em nós, mas apesar dos nossos
deméritos. A causa do amor de Deus por nós não está em nós, mas no próprio
Deus. Ele nos amou quando éramos ímpios, fracos, pecadores e inimigos.
A justificação é um ato legal, forense e judicial de Deus. É
feita no tribunal de Deus e não em nosso coração. Realiza-se fora de nós e não
em nós, no céu e não na terra. Por causa da morte substitutiva de Cristo, somos
declarados inculpáveis diante de Deus. Estamos quites com sua santa lei. Todas
as demandas da justiça divina foram satisfeitas mediante o sacrifício
substitutivo de Cristo. Deus, assim, justifica não o justo, mas o injusto, que
crê naquele que é Justo. Consequentemente, nossa justificação não está
fundamentada em nossa justiça pessoal, mas na justiça de Cristo imputada a nós.
Cristo morreu como nosso representante e fiador. Ele carregou em seu corpo, no
madeiro, os nossos pecados. Nossas transgressões foram lançadas sobre ele. Ele
morreu pelos nossos pecados. Ele quitou nossa dívida. Não pesa mais sobre nós,
que estamos em Cristo, nenhuma condenação, e isso, porque nossa dívida não foi
colocada em nossa conta. Nossa dívida foi colocada na conta de Cristo e ele, na
cruz, rasgou esse escrito de dívida que era contra nós e pagou toda essa dívida
com o seu sangue, dando um brado de vitória: “Está consumado”. Mais, a justiça de
Cristo foi depositada em nossa conta. Agora, estamos vestidos com vestes de
justiça. Fomos justificados!
Concluímos, enfatizando que, quando afirmamos que somos
justificados pela fé, não estamos dizendo que a fé é a base da justificação. A
fé é apenas a causa instrumental. A causa meritória é o sacrifício de Cristo na
cruz. Tomamos posse dos benefícios da morte de Cristo pela fé. A fé não é a
causa, é o meio. A fé é a mão estendida de um mendigo que recebe o presente de
um rei. Essa fé salvadora não é meritória nem mesmo procede do homem. O mesmo
Deus que dá o fim, a salvação, também dá o meio, a fé salvadora. De tal forma
que, a salvação é obra exclusiva de Deus de ponta a ponta, sem qualquer mérito
do homem. Na verdade, tudo provém de Deus, tudo é feito por Deus e tudo é
consumado por Deus para que ele mesmo receba toda a glória, agora e
eternamente!
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