O sinergismo, a ideia de que a salvação é uma conjugação de
fé mais obras, não tem amparo nas Escrituras. A verdade meridianamente clara é
que a salvação é recebida mediante a fé independentemente das obras. As obras
não são a causa da salvação, mas seu resultado. Não somos salvos pelas obras,
mas para as obras. A fé é a raiz, as obras são os frutos. A fé produz obras; as
obras revelam a fé. Não estamos com isso desprezando as obras nem diminuindo
seu valor. As obras são absolutamente importantes. Elas são a evidência da
salvação. Não praticamos boas obras para sermos salvos, mas porque fomos salvos
pela fé.
A fé, porém, não é a causa meritória da justificação. Não
somos justificados com base naquilo que fazemos para Deus, mas no que Deus fez
por nós. Não há mérito na fé. A fé é dom de Deus. Não fomos escolhidos por Deus
porque cremos; cremos porque fomos escolhidos por Deus. A fé é resultado da
escolha divina e não sua causa. Se a fé fosse a causa da escolha divina, ela seria
meritória. Então, a causa da eleição para a salvação estaria em nós e não em
Deus. A verdade inconteste, entretanto, é que Deus nos escolheu para a salvação
em Cristo não por causa de qualquer mérito em nós, mas apesar dos nossos
deméritos. A causa do amor de Deus por nós não está em nós, mas no próprio
Deus. Ele nos amou quando éramos ímpios, fracos, pecadores e inimigos.
A justificação é um ato legal, forense e judicial de Deus. É
feita no tribunal de Deus e não em nosso coração. Realiza-se fora de nós e não
em nós, no céu e não na terra. Por causa da morte substitutiva de Cristo, somos
declarados inculpáveis diante de Deus. Estamos quites com sua santa lei. Todas
as demandas da justiça divina foram satisfeitas mediante o sacrifício
substitutivo de Cristo. Deus, assim, justifica não o justo, mas o injusto, que
crê naquele que é Justo. Consequentemente, nossa justificação não está
fundamentada em nossa justiça pessoal, mas na justiça de Cristo imputada a nós.
Cristo morreu como nosso representante e fiador. Ele carregou em seu corpo, no
madeiro, os nossos pecados. Nossas transgressões foram lançadas sobre ele. Ele
morreu pelos nossos pecados. Ele quitou nossa dívida. Não pesa mais sobre nós,
que estamos em Cristo, nenhuma condenação, e isso, porque nossa dívida não foi
colocada em nossa conta. Nossa dívida foi colocada na conta de Cristo e ele, na
cruz, rasgou esse escrito de dívida que era contra nós e pagou toda essa dívida
com o seu sangue, dando um brado de vitória: “Está consumado”. Mais, a justiça de
Cristo foi depositada em nossa conta. Agora, estamos vestidos com vestes de
justiça. Fomos justificados!
Concluímos, enfatizando que, quando afirmamos que somos
justificados pela fé, não estamos dizendo que a fé é a base da justificação. A
fé é apenas a causa instrumental. A causa meritória é o sacrifício de Cristo na
cruz. Tomamos posse dos benefícios da morte de Cristo pela fé. A fé não é a
causa, é o meio. A fé é a mão estendida de um mendigo que recebe o presente de
um rei. Essa fé salvadora não é meritória nem mesmo procede do homem. O mesmo
Deus que dá o fim, a salvação, também dá o meio, a fé salvadora. De tal forma
que, a salvação é obra exclusiva de Deus de ponta a ponta, sem qualquer mérito
do homem. Na verdade, tudo provém de Deus, tudo é feito por Deus e tudo é
consumado por Deus para que ele mesmo receba toda a glória, agora e
eternamente!
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