João
Calvino: 4 regras da oração, por Joel Beeke
Para Calvino, a oração não podia ser realizada sem
disciplina. Ele escreveu: “Se não fixamos certas horas do dia para a oração,
ela escapará “. Ele prescreveu varias regras para orientar os crentes a
oferecerem oração fervorosa e eficaz.
1.
A primeira regra é um senso sincero de reverência.
Na oração, precisamos estar “dispostos de coração e
mente, como convém àqueles que entram em conversa com Deus”. Nossas orações devem
brotar do “fundo de nosso coração”. Calvino recomendava uma mente e um coração
disciplinados, afirmando: “As únicas pessoas que se preparam devida e
apropriadamente para orar são aquelas que são movidas de tal maneira pela
majestade que, livres dos cuidados e afeições terrenos, se aproximam da oração”.
2.
Segunda regra é um senso sincero de necessidade e arrependimento.
Temos de “orar com um senso sincero de carência e
arrependimento”, mantendo “a disposição de um pedinte”. Calvino não estava
dizendo que os crentes devem orar em favor de cada capricho que surge em seu
coração, e sim que devem penitentemente, de acordo com a vontade de Deus, tendo
em foco sua glória e anelando resposta, “com afeição sincera, e, ao mesmo tempo,
desejando obtê-la de Deus”.
3.
Terceira regra é um senso sincero de humildade e confiança em Deus.
A verdadeira oração exige que “abandonemos toda
confiança em nós mesmos e supliquemos humildemente o perdão”, confiando somente
na misericórdia de Deus para recebemos bênçãos espirituais e temporais,
lembrando sempre que a menor gota de fé é mais poderosa do que a
incredulidade. Qualquer outra maneira de
nos aproximarmos de Deus promoverá o orgulho, que será letal. “Se
reivindicarmos algo para nós mesmo, por mínimo que seja”, estaremos em perigo
de destruir a nós mesmo na presença de Deus.
4.
A regra final é ter um senso sincero de esperança confiante.
A confiança de que nossas orações serão respondidas não
surge de nós mesmos, mas do Espírito Santo agindo em nós. Na vida dos crentes,
a fé e a esperança vencem o temor, para que sejamos capazes de pedir “com fé,
em nada duvidando” (Tg 1.6). Isso significa que a verdadeira oração é confiante
na resposta, por causa de Cristo e do pacto, “pois o sangue de nosso Senhor
Jesus Cristo sela o pacto que Deus estabeleceu conosco”. Assim, os crentes se
aproximam de Deus com ousadia e entusiasmo porque essa “confiança é necessária
à verdadeira invocação... que se trona a chave que abre a porta do reino dos
céus”.
Opressivas?
Inatingíveis?
Essas regras talvez pareçam opressivas – até inatingíveis
– em face de um Deus santo e onisciente. Calvino reconheceu que nossas orações estão
repletas de fraqueza de imperfeição. Ele escreveu: “Ninguém jamais cumpriu esse
dever com a retidão que lhe era devida”. Mas Deus tolera “até o nosso gaguejo e
perdoa a nossa ignorância”, permitido que ganhemos familiaridade com Ele, em oração,
embora esta seja pronunciada de “forma balbuciante”. Em resumo, nunca nos
sentiremos como pedintes dignos. Nossa inconsistente vida de oração é
freqüentemente atacada por dúvidas, mas essas lutas mostram nossa necessidade
contínua da oração como uma “elevação do espírito” e nos impele sempre a Jesus
Cristo, que “transformará o trono da glória terrível em trono da graça”. Calvino
concluiu que “Cristo é o único caminho e o único acesso pelo qual temos
permissão de ir a Deus”.
Este trecho é uma adaptação da contribuição Joel Beeke
em John Calvin a Heart for Devotion,
Doctrine & Doxology, traduzido em português pela editora Fiel.
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