terça-feira, outubro 23, 2012

A grandeza de João Calvino / Burk Parsons

No serviço diário de pastorear o rebanho de Cristo, sempre recorro aos meus antepassados espirituais em busca de respostas para questões mais difíceis sobre a vida e a doutrina da igreja. Embora eles já estejam no lar, com o Senhor, por meio da fé mútua eles nos proveram palavras de conforto, encorajamento e advertência. À medida que penso nas dificuldades doutrinárias, eclesiásticas e pessoais que enfrentam e considero a obra sustentadora do Senhor na vida deles, vejo-me humilhado e desafiado por suas vozes uníssonas, que parecem nos admoestar, do céu, instando-nos a combater o bom combate, sermos fiéis até ao fim e, acima de tudo, honrarmos o Senhor.
Entre muitas vozes fiéis do passado, parece haver uma que se destaca das demais. É a voz do homem que desejava fervorosamente ouvir não somente sua própria voz, e sim a voz de Deus, em sua Palavra. É precisamente por causa da humildade que o Senhor infundiu no espírito de Calvino que admiro esse homem. De fato, não se passa uma semana sem que eu pense no exemplo que Calvino deixou para nós e para os cristãos em cada geração. Na vida e no ministério, enquanto reflito sobre o homem Calvino, percebo estas três coisas: ele foi um homem que morreu para si mesmo e buscou tomar a sua cruz diariamente, para que servisse o Senhor e o rebanho que Deus lhe confiara (Lc 9.23). Ele era um homem que não pensou acerca de si mesmo mais do que convinha e procurou considerar os outros melhores do que ele mesmo (Rm 12.23; Fp 2.3). Foi um homem que não procurou agradar, primordialmente, aos homens; antes, buscou agradar a Deus em tudo (Cl 1.10; 3.23). Calvino foi um homem que se esforçou por não viver para seu próprio reino, mas para o reino de Deus (Mt 6.33; 21.43). Ele era um homem que procurou ser fiel aos olhos de Deus, e não um bem-sucedido aos olhos do mundo (Ap 2.10). Ele era um homem que não desejava sua própria glória; antes, desejava a glória de Deus em tudo que fazia (1Co 10.31; Cl 3.17). Ele foi um homem que não tentou desenvolver um sistema de teologia que complementaria a Palavra de Deus; antes diligenciou por extrair sua teologia da Palavra de Deus visando à adoração correta, o contentamento e o amor de Deus.

Levando tudo isso em conta, Calvino está entre os maiores homens de todos os tempos. No entanto, sua grandeza, como reconheceu B. B. Warfield, não consistiu do que ele fez para si mesmo, e sim da sua dedicação a Deus – “Nisto vemos o segredo da grandeza de Calvino e a fonte de seu vigor. Nenhum outro homem tinha um senso mais profundo de Deus; nenhum outro homem se rendeu mais irrestritamente à orientação divina do que Calvino”. Esta foi a grandeza de Calvino – sua completa rendição a Deus. Este é o legado de Calvino àqueles de nós desejamos não somente usar o distintivo dos cinco pontos do calvinismo, mas também vestir-nos do humilhante poder do evangelho (1Pe 5.5). Não fiquemos satisfeito com insígnia de um calvinismo simplista; antes, vistamo-nos com o calvinismo de Calvino – um calvinismo que glorifica a Deus, é centrado em Cristo, capacitado pelo Espírito e norteado pelo evangelho; um calvinismo que brilha com tanto esplendor, que as trevas enganosas do pecado são vencidas em nosso coração, a fim de que resplandeçamos como a luz de Jesus Cristo neste mundo sombrio – para o seu reino e a sua glória.
Este trecho é uma adaptação da contribuição de Burk Parsons em John Calvin a Heart for Devotion, Doctrine & Doxology, traduzido em português pela editora Fiel.  

www.antunesebd.com | Ligonier | Original aqui      

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