1523: Calvino
foi residir em Paris, onde estudou latim e humanidades no Collège de la Marche
e teologia no Collège de Montaigu. Em 1528, iniciou seus estudos jurídicos,
primeiro em Orléans e depois em Bourges, onde também estudou grego com o
erudito luterano Melchior Wolmar. Com a morte do pai em 1531, retornou a Paris
e dedicou-se ao seu interesse predileto – a literatura clássica. No ano
seguinte, publicou um comentário sobre o tratado de Lúcio Enéias Sêneca De
Clementia.
1533: converteu-se
à fé evangélica, provavelmente sob a influência do seu primo Robert Olivétan.
No final desse ano, teve de fugir de Paris sob acusação de ser o co-autor de um
discurso simpático aos protestantes, proferido por Nicholas Cop, o novo reitor
da universidade. Refugiou-se na casa de um amigo em Angoulême, onde começou a
escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a Noyon e renunciou ao
benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido para o
francês por Olivétan (1535).
1536: no mês
de março foi publicada em Basiléia a primeira edição da Instituição
da Religião Cristã (ouInstitutas), introduzida
por uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo em favor dos
evangélicos perseguidos. Alguns meses mais tarde, Calvino dirigia-se para
Estrasburgo quando teve de fazer um desvio em virtude de manobras militares. Ao
pernoitar em Genebra, o reformador suíço Guilherme Farel o convenceu a ajudá-lo
naquela cidade, que apenas dois meses antes abraçara a Reforma Protestante
(21-05). Logo, os dois líderes entraram em conflito com as autoridades civis de
Genebra acerca de questões eclesiásticas (disciplina, adesão à confissão de fé
e práticas litúrgicas), sendo expulsos da cidade.
1538: Calvino
foi para Estrasburgo, onde residia o reformador Martin Bucer, e ali passou os
três aos mais felizes da sua vida (1538-41). Pastoreou uma pequena igreja de
refugiados franceses; lecionou em uma escola que serviria de modelo para a
futura Academia de Genebra; participou de conferências que visavam aproximar
protestantes e católicos. Escreveu amplamente: uma edição inteiramente revista
das Institutas (1539), sua primeira tradução francesa (1541), um comentário da
Epístola aos Romanos, a Resposta a Sadoleto (uma apologia da fé reformada) e
outras obras. Em 1540, Calvino casou-se com uma de sua paroquianas, a viúva
Idelette de Bure. Seu colega Farel oficiou a cerimônia.
1541: por
volta da ocasião em que Calvino escreveu a sua Resposta
a Sadoleto, o governo municipal de Genebra passou a ser controlado
por amigos seus, que o convidaram a voltar. Após alguns meses de relutância,
Calvino retornou à cidade no dia 13 de setembro de 1541 e foi nomeado pastor da
antiga catedral de Saint Pierre. Logo em seguida, escreveu uma constituição
para a igreja reformada de Genebra (as célebres Ordenanças
Eclesiásticas), uma nova liturgia e um novo catecismo, que foram
logo aprovados pelas autoridades civis. Nas Ordenanças, Calvino prescreveu
quatro ofícios para a igreja: pastores, mestres, presbíteros e diáconos. Os
dois primeiros constituíam a Venerável Companhia e os pastores e presbíteros
formavam o controvertido Consistório.
Por
causa de seu esforço em fazer da dissoluta Genebra uma cidade cristã, durante
catorze anos (1541-55) Calvino travou grandes lutas com as autoridades e
algumas famílias influentes (os “libertinos”). Nesse período, ele também
enfrentou alguns adversários teológicos, o mais famoso de todos sendo o médico
espanhol Miguel Serveto, que negava a doutrina da Trindade. Depois da fugir da
Inquisição, Serveto foi parar em Genebra, onde acabou julgado e executado na
fogueira em 1553. A participação de Calvino nesse episódio, ainda que
compreensível à luz das circunstâncias da época, é triste mancha na biografia
do grande reformador, mais tarde lamentada por seus seguidores.
1548: nesse
ano ocorreu o falecimento de Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O
único filho que tiveram morreu ainda na infância. Não obstante, Calvino não
ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos, inclusive em outras regiões de
Europa, com os quais trocava volumosa correspondência. Graças à sua liderança,
Genebra tornou-se famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente.
Ao regressarem a seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a
influência de Calvino.
1555: os
partidários de Calvino finalmente derrotaram os “libertinos.” Os conselhos
municipais passaram a ser constituídos de homens que o apoiavam. Embora não
tenha ocupado nenhum cargo governamental, Calvino exerceu enorme influência
sobre a comunidade, não somente no aspecto moral e eclesiástico, mas em outras
áreas. Ele ajudou a tornar mais humanas as leis da cidade, contribuiu para a
criação de um sistema educacional acessível a todos e incentivou a formação de
importantes entidades assistenciais como um hospital para carentes e um fundo
de assistência aos estrangeiros pobres.
1559: nesse
ano marcante, ocorreram vários eventos significativos. Calvino finalmente
tornou-se um cidadão da sua cidade adotiva. Foi inaugurada a Academia de
Genebra, embrião da futura universidade, destinada primordialmente à preparação
de pastores reformados. No mesmo ano, Calvino publicou a última edição das Institutas.
Ao longo desses anos, embora estivesse constantemente enfermo, desenvolveu
intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor.
1564: João
Calvino faleceu com quase 55 anos em 27 de maio de 1564. A seu pedido, foi
sepultado discretamente em um local desconhecido, pois não queria que nada,
inclusive possíveis homenagens póstumas à sua pessoa, obscurecesse a glória de
Deus. Um dos emblemas que aparecem nas obras do reformador mostra uma mão
segurando um coração e as palavras latinas “Cor meum tibi offero Domine,
prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó Senhor, de modo pronto e
sincero).
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