Jerusalém, 18 set (EFE).- As ruas israelenses amanheceram hoje
desertas, com todos os comércios fechados e sem um só veículo nas vias, por
causa do Yom Kippur ou "Dia do Perdão", no qual milhões de judeus
fazem jejum e se dirigem às sinagogas calçando sapatos de lona. A paralisação absoluta afeta às cidades judias. Smente
as de maioria árabe - que representa 20% da população israelense - a atividade
comercial está normalizada.O Yom Kippur, mencionado nas escrituras sagradas como o
"Sábado dos sábados" é o dia mais sagrado do calendário hebreu, e
exige aos fiéis um jejum de 25 horas e prolongadas rezas nas sinagogas.
A festa começou ontem ao anoitecer e continuará até surgirem três
primeiras estrelas no céu.
Durante as 25 horas, as emissoras de rádio mantêm silêncio, as
redes de televisão nacionais não emitem sinal e o espaço aéreo e marítimo
permanecem fechados, assim como as fronteiras.
As forças de segurança estão em estado de alerta e não é permitido
o acesso ao território israelense de palestinos da Cisjordânia e Gaza, salvo em
casos humanitários.
A rotina só é quebrada por veículos dos serviços de emergência e
as centenas de milhares de crianças que aproveitam as estradas vazias para
andar de bicicletas e skates.
A paralisação afeta também à imensa maioria dos portais de
notícias que pararam de atualizar as informações desde as 17h de ontem no
horário local.
O respeito a essa tradição, ao contrário de outras que
habitualmente geram conflitos entre laicos e religiosos ao longo do ano, é um
grande consenso entre a população e mais de dois terços dos judeus de Israel
observam o jejum e vão às sinagogas.
As orações e a liturgia estão estreitamente ligadas à passagem dos
judeus pela Espanha Medieval, e aos dois principais - o "Kol Nidre"
que abre a jornada e a "Neila" de fechamento.
O "Kol Nidre", uma declaração com a qual os judeus pedem
a Deus anular todas as promessas descumpridas do último ano antes de
submeterem-se ao julgamento divino, foi composto nos tempos do rei visigodo
Recaredo (586-601).
Tendo exigido aos judeus a conversão ao catolicismo, muitos
fizeram contra a vontade e ao chegar o dia do Yom Kippur se reuniam
clandestinamente para orar de pé e declarar que "todos os juramentos e
promessas feitas (ao rei, em alusão à conversão) eram nulas e as fizeram
obrigados".
A "Neila" coincide com a hora na qual o Grande Sacerdote
fechava as portas do Templo de Jerusalém após o Yom Kippur, o único dia do ano
no qual podia entrar ao Sancta Sanctorum e invocar literalmente o nome de Deus
(Jeova) para expiar os pecados do povo.
O poema que abre essa oração foi composto pelo granadino Moses Ibn
Ezra (1055-1140) e é um dos momentos mais emotivos do dia nas sinagogas.
O Yom Kippur é a última oportunidade que veem os fiéis para
arrependerem-se de seus pecados e más ações nos últimos 12 meses, à espera da
sentença que chegará nove dias depois e que lhes determinará se, no ano que
acaba de começar - o 5771 do calendário hebreu - continuarão "no livro da
vida". EFE
Fonte:(yahoo noticias)
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