sábado, setembro 18, 2010

Israel paralisa pelo Yom Kippur, dia sagrado para o judaísmo


Jerusalém, 18 set (EFE).- As ruas israelenses amanheceram hoje desertas, com todos os comércios fechados e sem um só veículo nas vias, por causa do Yom Kippur ou "Dia do Perdão", no qual milhões de judeus fazem jejum e se dirigem às sinagogas calçando sapatos de lona. A paralisação absoluta afeta às cidades judias. Smente as de maioria árabe - que representa 20% da população israelense - a atividade comercial está normalizada.O Yom Kippur, mencionado nas escrituras sagradas como o "Sábado dos sábados" é o dia mais sagrado do calendário hebreu, e exige aos fiéis um jejum de 25 horas e prolongadas rezas nas sinagogas.
A festa começou ontem ao anoitecer e continuará até surgirem três primeiras estrelas no céu.
Durante as 25 horas, as emissoras de rádio mantêm silêncio, as redes de televisão nacionais não emitem sinal e o espaço aéreo e marítimo permanecem fechados, assim como as fronteiras.
As forças de segurança estão em estado de alerta e não é permitido o acesso ao território israelense de palestinos da Cisjordânia e Gaza, salvo em casos humanitários.
A rotina só é quebrada por veículos dos serviços de emergência e as centenas de milhares de crianças que aproveitam as estradas vazias para andar de bicicletas e skates.
A paralisação afeta também à imensa maioria dos portais de notícias que pararam de atualizar as informações desde as 17h de ontem no horário local.
O respeito a essa tradição, ao contrário de outras que habitualmente geram conflitos entre laicos e religiosos ao longo do ano, é um grande consenso entre a população e mais de dois terços dos judeus de Israel observam o jejum e vão às sinagogas.
As orações e a liturgia estão estreitamente ligadas à passagem dos judeus pela Espanha Medieval, e aos dois principais - o "Kol Nidre" que abre a jornada e a "Neila" de fechamento.
O "Kol Nidre", uma declaração com a qual os judeus pedem a Deus anular todas as promessas descumpridas do último ano antes de submeterem-se ao julgamento divino, foi composto nos tempos do rei visigodo Recaredo (586-601).
Tendo exigido aos judeus a conversão ao catolicismo, muitos fizeram contra a vontade e ao chegar o dia do Yom Kippur se reuniam clandestinamente para orar de pé e declarar que "todos os juramentos e promessas feitas (ao rei, em alusão à conversão) eram nulas e as fizeram obrigados".
A "Neila" coincide com a hora na qual o Grande Sacerdote fechava as portas do Templo de Jerusalém após o Yom Kippur, o único dia do ano no qual podia entrar ao Sancta Sanctorum e invocar literalmente o nome de Deus (Jeova) para expiar os pecados do povo.
O poema que abre essa oração foi composto pelo granadino Moses Ibn Ezra (1055-1140) e é um dos momentos mais emotivos do dia nas sinagogas.
O Yom Kippur é a última oportunidade que veem os fiéis para arrependerem-se de seus pecados e más ações nos últimos 12 meses, à espera da sentença que chegará nove dias depois e que lhes determinará se, no ano que acaba de começar - o 5771 do calendário hebreu - continuarão "no livro da vida". EFE

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